O Senado dos Estados Unidos renovou neste sábado por seis meses as preferências tarifárias em relação à Bolívia, Colômbia, Equador e Peru, que terminariam em 31 de dezembro. A renovação das preferências até junho de 2007 ocorreu após um acordo com a Câmara dos Representantes, que já tinha aprovado a medida na sexta-feira. Na sessão final do 109º Congresso, o Senado aprovou a prorrogação das preferências tarifárias andinas em uma lei que inclui ajudas comerciais dos EUA a cerca de cem países em desenvolvimento, e a regularização de seus vínculos de comércio com o Vietnã, seu antigo inimigo. A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, tinha pedido ao Congresso a ampliação da preferência à Bolívia, Colômbia, Equador e Peru. Na sexta-feira, o presidente eleito do Equador Rafael Correa afirmou que as preferências comerciais "não são esmolas", mas "a compensação mínima" que os países andinos devem receber por sua luta contra o narcotráfico. A afirmações foi feita em entrevista coletiva em Cochabamba, onde assiste à 2ª Cúpula Sul-Americana como convidado. Rafael Correa, anunciou neste sábado uma "frente comum" com a Bolívia para prorrogar as preferências tarifárias que os Estados Unidos concedem aos andinos pela erradicação de drogas e advertiu que não renovará o convênio com Washington para o uso da base militar de Manta. Correa, que se reuniu na sexta-feira com o presidente boliviano, Evo Morales, espera que Peru e Colômbia, os outros beneficiados pela Lei de Preferências Tarifárias Andinas e Erradicação de Drogas (ATPDEA, sigla em inglês), "acompanhem" o Equador nas negociações para prorrogá-la. Repercussão Segundo a embaixada equatoriana em Washington, a decisão de estender a ATPDEA "significa a proteção a mais de 350 mil empregos que se originaram no sistema" de repreensão ao narcotráfico. Além disso, o Equador afirmou que o "sistema de preferências constitui em uma ferramenta importante na relação econômica entre Estados Unidos e os países andinos, assim como a luta permanente contra o narcotráfico." O embaixador do Equador em Washington, Luis Gallegos, afirmou que a prorrogação "dá oportunidade de estabelecer um diálogo positivo com o novo líder do Congresso, o Partido Democrata, com a intenção de encontrar soluções que beneficiem as relações entre os países". Preferências O Senado dos Estados Unidos deu sinal verde à prorrogação das preferências tarifárias aos países andinos com 79 votos a favor e nove contra. Na Câmara dos Representantes, a medida foi aprovada por 212 votos a favor e 184 contra, após debate no qual a medida sofreu dura oposição tanto de legisladores democratas quanto de republicanos. A moção, incluída em um projeto sobre relações comerciais com vários países, entre eles o Vietnã, prorroga a vigência das preferências para as nações que ratificarem acordos comerciais com os EUA. A extensão da Lei de Preferências Tarifárias Andinas e Erradicação de Drogas (ATPDEA) está incluída em um conjunto de medidas comerciais que também ampliam durante dois anos o Sistema de Preferências Generalizadas (SGP), que beneficia muitos países. Base Militar Correa, que assumirá o cargo em 15 de janeiro, anunciou, por outra parte, que não renovará "o convênio de Manta" (que vence em 2009), em alusão à base militar que os EUA têm no Equador. O presidente eleito lembrou que o Equador "é o único país" sul-americano no qual há uma base militar americana, onde militares desse país dirigem desde 1999 operações antidrogas para a região. Manta é um porto do litoral sobre o Pacífico. Partidos de esquerda, associações de indígenas e organismos de direitos humanos questionam a base, ao dizer que envolve o Equador no controvertido Plano Colômbia, programa do governo de Bogotá para lutar contra as drogas com a ajuda americana. Os governos de Quito, Bogotá e Washington reiteraram em diferentes ocasiões que a presença de americanos em Manta não envolve o Equador no Plano Colômbia. Além da base de Manta, os EUA têm destacamentos militares em vários países sul-americanos.