EUA retiram sanções a chefe de inteligência chavista desertor e prometem reconstruir Venezuela

Em evento em Washington, vice-presidente americano acenou para o alívio de sanções aos militares que deixarem de apoiar Maduro

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Por Beatriz Bulla , Correspondente e Washington
Atualização:

O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, voltou a fazer ameaças ao regime chavista nesta terça-feira, 7, ao anunciar que os americanos podem ser “mais duros” do que já vêm sendo com o governo de Nicolás Maduro. Do outro lado, o vice voltou a acenar com o alívio de sanções aos militares que deixarem de apoiar o ditador e prometeu reerguer a Venezuela se houver a transição para um governo democrático. 

O vice-presidente americano, Mike Pence, fala durante a 49º Conferência sobre as Américas Foto: Patrick Semansky/AP

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Pence anunciou que os EUA retiraram hoje, imediatamente, todas as sanções que foram aplicadas e atingiram o diretor do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional, o Sebin, Manuel Cristopher Figuera. O militar passou a apoiar Juan Guaidó, reconhecido pelos americanos como presidente interino da Venezuela. “Os EUA vão considerar o alívio de sanções para todos aqueles que apoiem o Estado de Direito”, afirmou Pence. O alívio das sanções é um incentivo para que a cúpula militar que ainda dá apoio a Maduro deserte e passe a apoiar Guaidó.

“Os EUA reafirmam o compromisso com o povo da Venezuela e parceiros da região. Continuaremos com o povo da Venezuela até que a 'libertade' seja restaurada”, disse Pence nesta tarde, ao participar da 49º Conferência sobre as Américas, organizada pelo Council of the Americas. “Maduro é um ditador e precisa sair”, completou o vice-presidente, aplaudido pela plateia.

Limite

O vice americano estabeleceu a linha do limite para que os EUA passem a adotar uma posição mais agressiva: a segurança de Guaidó. Apesar de ser acusado de tentar um golpe de Estado na última semana, Guaidó não foi preso pelo regime chavista. A liberdade do opositor é considerada pelos americanos como um sinal da fragilidade de Maduro. “A segurança de Guaidó e sua família são uma prioridade para os Estados Unidos da América”, enfatizou Pence.

“Estamos sendo duros. E, como o presidente diz, podemos ser ainda mais duros”, afirmou o vice-presidente americano, que voltou a afirmar que “todas as opções estão sobre a mesa”. A fala tem sido adotada pelos EUA para deixar no ar a ameaça de uma intervenção militar, apesar de assessores do presidente Donald Trump assegurarem que a intenção da Casa Branca é manter a pressão diplomática e econômica.

Pence fez ameaças aos juízes da Suprema Corte venezuelana e afirmou que, se eles não voltarem a apoiar o Estado de Direito, os EUA responsabilizarão os 25 por seus atos. Ele não detalhou, contudo, como os americanos pretendem avançar nas sanções impostas aos juízes.

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Reconstrução 

Além da sinalização do alívio de sanções aos militares, Pence afirmou que os americanos estarão prontos para apoiar a reconstrução econômica da Venezuela quando Maduro deixar o poder. O planejamento para o dia seguinte à saída do ditador tem sido assunto dentro do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e da Organização dos Estados Americanos (OEA). “Quando a democracia for restaurada, os EUA não deixarão uma Venezuela livre fracassar”, afirmou Pence.

Ele ainda anunciou que os EUA enviarão um navio com medicamentos à região, em junho, para ajudar na assistência de uma crise humanitária na Venezuela. O vice-presidente voltou a dizer que Moscou e Havana dão apoio ao regime de Maduro. Os EUA argumentam que há interferência estrangeira na Venezuela por parte dos russos e cubanos, que garantem a sustentação de Maduro no poder.

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