EUA retiveram dados sobre guerra

Relatório censura Washington por não compartilhar informações secretas com Exércitos aliados

PUBLICIDADE

Por Peter Beaumont , THE GUARDIAN e LONDRES
Atualização:

Uma análise crítica da coalizão contrainsurgência liderada pelos EUA no Iraque e no Afeganistão colocou sérias dúvidas sobre as operações de combate em ambos os países - e a inteligência que as embasa. O documento apresenta um quadro sombrio de um esforço solapado por erros que às vezes beiram ao absurdo. Com base em entrevistas com funcionários diplomáticos, de inteligência e militares, o relatório censura os americanos por sua frequente pouca disposição para compartilhar informações secretas com aliados. Ele descreve comandantes de campo afogados em informações de centenas de bases de dados contraditórias, e às vezes resistentes à informações secretas coletadas por seus agentes. Suas fontes se queixam de comandantes que se apoiam "na falácia da contagem de cadáveres", medida desacreditada desde a Guerra do Vietnã. O relatório, preparado pelo Instituto de Pesquisas em Defesa Nacional (RAND) para o Comando das Forças Conjuntas dos EUA, em novembro, vazou na internet e revela o caso de pilotos holandeses no Afeganistão que receberam ordens dos EUA para bombardear alvos. Mas tiveram recusado o acesso às "avaliações de danos de batalha", que mostravam o que eles haviam atingido, com a alegação de que os holandeses não estavam "autorizados pela segurança" para consultá-las. Outro entrevistado descreve como as forças da coalizão mantinham em Camp Holland, no sul do Afeganistão, 13 seções de inteligência diferentes, todas operando com um mínimo de cooperação. "Teria sido útil combiná-las; teríamos sabido de tudo", queixou-se o tenente Neils Verhoef, um dos entrevistados para o relatório. "Uma seção conhecia a localização de uma fábrica de bombas caseiras pela qual nós procuramos durante três meses." Com as táticas de contrainsurgência colocadas agora no centro das operações no Iraque e no Afeganistão, o relatório sugere que faltam a muitas Forças Armadas envolvidas a competência para operar com eficácia. Ele pede uma reforma radical de como as informações de inteligência militar são coletadas, organizadas e utilizadas. Citando oficiais de alto escalão, o relatório questiona muitas operações, sugerindo que elas "alienam" a população local. Apesar da enorme ênfase em táticas de contrainsurgência no Iraque e no Afeganistão nos dois últimos anos, os autores do relatório, acham necessário lembrar aos militares a importância da população em seus esforços para proteger civis "do ataque tanto do inimigo como de nossas forças". O mais prejudicial de tudo, porém, talvez seja a sugestão de entrevistados de que eles frequentemente sentiram a falta absoluta de uma estratégia geral para o que estavam fazendo.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.