WASHINGTON - O governo dos EUA anunciou sanções nesta quinta-feira, 11, à Direção-Geral de Contrainteligência Militar (DGCIM) da Venezuela, em razão da morte do capitão de corveta Rafael Acosta Arévalo, morto enquanto estava sob custódia da DGCIM. “A detenção por motivos políticos e a morte trágica do capitão Rafael Acosta foi injustificada e inaceitável”, afirmou o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, em comunicado.
Como resultado das sanções impostas pelo Departamento do Tesouro, ficam congeladas todas as propriedades que a DGCIM possa ter sob jurisdição americana e, além disso, impede a agência de efetuar transações financeiras com cidadãos e empresas dos EUA.Em 29 de junho, o governo venezuelano confirmou a morte de Acosta Arévalo, que estava sob custódia dos funcionários da DGCIM. Ele havia sido acusado de participar de uma conspiração para derrubar o presidente Nicolás Maduro. Dois militares da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) foram detidos pelo envolvimento no caso.
Segundo sua defesa e porta-vozes da oposição, Acosta Arévalo foi torturado até a morte e na última vez em que foi visto com vida, quando se apresentou diante de um tribunal militar, não conseguia se manter de pé ou falar. O juiz ordenou que ele fosse transferido para um hospital militar, onde morreu horas depois.
Pressão
A esse respeito, o Departamento do Tesouro dos EUA afirmou que a morte de Acosta Arévalo é “só uma amostra mais recente de brutalidade cometida por uma agência notória pelos seus métodos violentos”, destacando que o caso foi detalhado pela alta comissária da ONU para os direitos humanos, Michelle Bachelet, pela Organização dos Estados Americanos (OEA) e pela ONG Human Rights Watch.
No Twitter, o líder da oposição e autodeclarado presidente Juan Guaidó elogiou a sanção. "Trabalhando em coordenação com nossos aliados, estamos fazendo justiça ante a tortura e a perseguição. Aqueles que ordenem, executem e permitem violações dos direitos humanos devem saber que haverá consequências e que a opção é ficar ao lado dos venezuelanos", tuitou o líder opositor.
Ao Estado, o diretor para a Venezuela da ONG americana Washington Office On Latin America (Wola), Geoff Ramsey, disse que as novas sanções dos EUA são um ato simbólico, não estratégico. “É difícil imaginar o quanto mais pressão Maduro poderia receber. Os EUA já utilizaram todas as ferramentas”, afirmou.
Para o especialista, o debate no atual estágio não deveria ser a respeito de novas pressões, “mas sim como tirar vantagens das pressões já existentes”. “Algum tipo de alívio poderia ser concedido, caso Maduro concordasse em convocar novas eleições”.
Negociadores chavistas e da oposição venezuelana encontraram-se nesta semana na ilha de Barbados, em busca de um acordo que encerre a crise venezuelana. O último encontro entre as duas partes foi mediado pela Noruega, mas terminou sem resultados práticos.
Diálogo
Fontes do governo e da oposição afirmaram nesta quinta que avanços foram feitos, mas que mais detalhes somente serão fornecidos na semana que vem. A oposição defende novas eleições e afirma que a reeleição de Maduro foi fraudada. Entretanto, segundo negociadores, o tema das eleições – uma das partes mais difíceis da negociação – somente será mencionado ao final do diálogo.
Manobras
A Venezuela usará equipamento militar russo durante os exercícios de 24 de julho, afirmou a agência de notícias russa "RIA" nesta quinta ao citar o vice-chanceler do país, Serguei Ryabkov.
"As armas e equipamentos militares na Venezuela sob posse das forças armadas bolivarianas são principalmente equipamentos fabricados na Rússia. Portanto, os exercícios não podem ser realizados de outra maneira", afirmou Ryabkov.
A Rússia tem apoiado militarmente nos últimos meses o governo chavista, não só com armas e equipamentos, mas também com militares. No final de março, cerca de 100 soldados russos desembarcaram na Venezuela em dois aviões, sob a justificativa de que fariam a manutenção dos equipamentos.
Três meses depois, no fim de junho, a embaixada russa em Caracas comunicou que os militares saíram da Venezuela, após cumprirem seus “contratos de serviço”. O anúncio da retirada foi feito na semana em que o presidente russo, Vladimir Putin, se reuniria com o presidente americano Donald Trump. Em julho, porém, o Comando Sul das Forças Armadas dos EUA afirmou que tropas permaneciam em solo venezuelano. / CARLA BRIDI, com EFE, AFP, AP e REUTERS