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EUA se preparam para retaliar ONU

Por Agencia Estado
Atualização:

Depois de sofrerem duas importantes derrotas junto à Organização das Nações Unidas (ONU), os Estados Unidos se preparam para dar o troco à entidade. O Congresso americano deve votar nesta quinta-feira uma lei para condicionar o pagamento de fundos de US$ 582 milhões que o país deve à ONU em troca de uma cadeira na Comissão de Direitos Humanos da organização. Na votação em que os EUA perderam a vaga na comissão, grupos regionais das Nações Unidas escolheram seus candidatos e a Europa Ocidental e outros países propuseram quatro candidatos para três vagas - EUA, França, Áustria e Suécia. Os EUA ficaram em quarto lugar na sondagem. É a primeira vez, desde 1947, que os EUA não se reelegeram como membro da comissão. Por conta disso, na quinta-feira, o Congresso americano deve aprovar o pagamento de fundos de US$ 582 milhões para a ONU. Mas os deputados querem incluir uma cláusula para que a última parcela, de US$ 244 milhões, só seja paga quando os EUA recuperarem a participação na Comissão de Direitos Humanos. Inconformismo O que tem deixado os americanos tão inconformados com a derrota é o fato de que o Sudão e a Líbia, países considerados terroristas pela administração do Presidente George W. Bush, conquistaram uma vaga na comissão. E, sem saber que os EUA haviam perdido a vaga, Bush declarou no dia seguinte à votação que o Sudão é "um desastre para todo os direitos humanos". Para complicar a questão, os EUA também sofreram outra constrangedora derrota ao perderem seu lugar na Comissão Internacional de Controle de Narcóticos. Entre os países que conseguiram um assento na comissão antinarcóticos estão o Brasil, Peru, Irã e Índia. A comissão supervisiona o cumprimento dos países membros com os tratados da ONU de combate ao tráfico de drogas. Retaliação Elliot Abrams, um ex-secretário de direitos humanos dos EUA, disse que o é "preciso identificar quais as nações que votaram contra" o país. "Nós devemos tentar descobrir quais são esses países. Existem maneiras de descobrir isso." Mas o secretário de Estado, Colin Powell, disse que não está interessado em descobrir como os países votaram. Harold Koh, chefe da divisão de direitos humanos na administração anterior, do presidente Bill Clinton, argumentou que retaliar a ONU com a suspensão do pagamento não é uma medida inteligente. Ele diz que essa decisão só poderá contribuir para piorar a condição dos EUA junto com a organização. Para Koh, os EUA precisam mostrar boa vontade e procurar ter uma participação mais construtiva em debates multilaterais, como as patentes de remédios contra aids, racismo e democracia. Ressentimento Essa participação defendida por Koh também pode ajudar os EUA a recuperarem um pouco da confiança perdida. Segundo Joanna Weschler, representante do grupo Human Rights Watch (HRW) na ONU, "cresceu muito, nos últimos tempos, um grande ressentimento contra os EUA". "A intenção (dos EUA) de bloquearem uma convenção contra o desaparecimento forçado de pessoas e outras questões-chave dos direitos humanos, incluindo sua oposição ao tratado para a abolição das minas terrestres e à criação do Tribunal Penal Internacional não passaram despercebidas dos delegados" na hora de escolher os integrantes da Comissão de Direitos Humanos da ONU, acrescentou a representante do HRW.

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