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EUA se retratam por acusar Somália de terrorismo

Por Agencia Estado
Atualização:

O pronunciamento era de despertar calafrios: poderia haver uma relação entre a Al-Qaeda e a Somália, país mergulhado na anarquia e que alguns consideram um futuro campo de batalha na guerra contra o terrorismo. Mas se tratava de um estranho caso de falsa identidade e, na quarta-feira à noite, o Pentágono emitiu um breve comunicado assinalando que a suspeita inicial de uma relação do terror com a Somália era errônea. A confusão começou quando, durante uma entrevista ontem à imprensa, o general de brigada da Força Aérea John Rosa anunciou que soldados americanos que davam buscas nas cavernas abandonadas no Afeganistão recuperaram, na segunda-feira, um aparelho de GPS - utilizado para orientação por satélite - tomado de um soldado morto em Mogadíscio, a capital da Somália, em 1993. O nome do soldado, Gary Gordon, um dos 18 americanos de uma fracassada operação em território somali, estava tanto no chassi como na capa de proteção do aparelho. "Disto podemos tirar algumas conclusões", disse Rosa sobre o significado do descobrimento. "Realmente achamos que se ele provém da Somália obviamente pode estabelecer uma relação entre a Al-Qaeda e a Somália". Uma explicação alternativa, disse Rosa, é que o objeto tenha sido roubado e vendido no mercado negro. ?Neste caso, não sabemos como pode ter chegado à caverna", disse. A verdade é que o dispositivo foi usado por um soldado americano que lutou contra a Al-Qaeda durante a Operação Anaconda, a maior ofensiva no Afeganistão, e foi perdido na batalha de 4 de março e tomado pelos combatentes da Al-Qaeda. O soldado, membro do 160º Regimento de Operações Especiais de Aviação, recebeu o objeto de outro soldado que voltou para casa. O nome "G. Gordon" era o apelido do soldado que o levou para o Afeganistão, em referência a G. Gordon Liddy - o famoso ex-agente do FBI que ajudou a planejar a entrada dos investigadores nos escritórios do edifício Watergate em 1972.

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