EUA suspendem vistos para hondurenhos

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Por Patrícia Campos Mello e WASHINGTON
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Os Estados Unido anunciaram ontem que vão suspender a emissão de vistos de turistas em Honduras. Os vistos só serão concedidos para imigrantes e casos de emergência. Trata-se de uma medida de pressão para que o governo de facto de Roberto Micheletti aceite o plano proposto pelo presidente da Costa Rica, Oscar Arias, cujo ponto principal é o retorno do presidente deposto, Manuel Zelaya, ao poder. Mas a medida foi considerada "insuficiente" por fontes da Organização dos Estados Americanos (OEA). "Foi para inglês ver", disse uma fonte da OEA. "Os EUA precisam adotar medidas mais eficazes, como bloquear o envio de remessas de hondurenhos, tirar seu embaixador de Tegucigalpa ou suspender as preferências tarifárias'', disse a fonte ao Estado. Mas os EUA nem sequer classificam o golpe em Honduras como um "golpe militar". Essa denominação obrigaria os EUA a suspender boa parte da ajuda financeira a Honduras, por determinação legal. GOLPE MILITAR "Estamos examinando a cronologia dos fatos, uma vez que houve envolvimento de civis e do Judiciário. Não sabemos se podemos caracterizar de um golpe militar", disse um alto funcionário do Departamento de Estado, que afastou a possibilidade de os EUA suspenderem as preferências tarifárias. "A natureza do acordo de livre comércio do Caribe (Cafta) nos impede de fazer isso", justificou a fonte. Por enquanto, os EUA cortaram US$ 36 milhões em ajuda financeira ao país, sendo US$ 18 milhões em apoio militar. A OEA enviou uma missão para Honduras, que retornou de mãos vazias diante da resistência de Micheletti à volta de Zelaya. O próximo passo será recomendar aos países membros que endureçam suas sanções contra o regime de facto. A Human Rights Watch também pediu ontem que os EUA aumentem a pressão sobre o governo golpista após relatos de agressões contra os partidários de Zelaya. Washington está dividida em relação ao golpe em Honduras. No início do mês, um grupo de 16 legisladores democratas enviou uma carta ao presidente Obama pedindo a ele que congelasse os bens dos líderes do golpe de Honduras. Mas um grupo de Republicanos está bloqueando a confirmação de Arturo Valenzuela, indicado para o principal cargo diplomático para a região, por causa do apoio da Casa Branca a Zelaya, que é aliado de Hugo Chávez.

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