Um importante diplomata dos EUA reuniu-se com o ministro das Finanças palestino, Salam Fayyad, nesta terça-feira, 20, minando os esforços de Israel para preservar o boicote internacional contra o novo governo palestino de unidade nacional. O encontro de Fayyad com o cônsul-geral Jacob Walles foi o primeiro contato entre uma autoridade norte-americana e um ministro da coalizão formada no sábado pelo grupo islâmico Hamas e pela facção secular Fatah, rival dele. Tentando deter o enfraquecimento do boicote diplomático, Israel cancelou um encontro que manteria com o vice-ministro norueguês das Relações Exteriores, Raymond Johansen, após essa autoridade ter se reunido com o primeiro-ministro palestino, Ismail Haniyeh (membro do Hamas), disseram autoridades israelenses. Johansen tornou-se a primeira autoridade do Ocidente a encontrar-se com a liderança do grupo islâmico desde a formação do governo de unidade nacional. Os EUA, contestando a postura adotada por Israel, disseram que podem realizar encontros informais com ministros palestinos que não pertençam ao Hamas. A Grã-Bretanha e outros países europeus adotaram uma postura semelhante. Em uma entrevista concedida ao canal de TV Al-Jazeera, Fayyad, um político independente e pró-Ocidente, confirmou ter se reunido com Walles. Uma porta-voz do consulado norte-americano em Jerusalém não quis fazer comentários sobre o assunto. O primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, prometeu ignorar todo o governo de unidade nacional, argumentando que a plataforma dele não atende às exigências feitas no ano passado pelo Quarteto de mediadores para o Oriente Médio. Segundo o Quarteto, o governo palestino precisa reconhecer o direito do Estado judaico de existir, renunciar à violência e aceitar os acordos de paz interinos. Israel anunciou estar satisfeito com a postura do Quarteto de Madri que mantém um boicote internacional ao novo governo palestino. "Israel está satisfeito com a postura do Quarteto", disseram fontes do Ministério de Relações Exteriores à rádio pública israelense. Fayyad afirmou que seu objetivo, ao reunir-se com o diplomata dos EUA, era buscar meios para "levantar o cerco injusto imposto a nós", uma referência à suspensão pelo Ocidente do envio de ajuda depois de o Hamas ter tomado posse, no ano passado, como consequência de sua vitória sobre a Fatah nas eleições parlamentares. A suspensão do envio direto de ajuda à Autoridade Palestina impediu o órgão de, no ano passado, pagar integralmente o salário de seus 161 mil funcionários, dinheiro que garante a sobrevivência de cerca de 1 milhão de palestinos. A manobra fez aumentar a pobreza na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. Oposição ocidental A União Européia e os Estados Unidos concordaram em não reconhecer o novo governo palestino de unidade empossado no domingo, 18. Após conversações na segunda-feira em Washington, a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, e o representante da União Européia para Política Externa, Javier Solana, renovaram pedido para que o governo palestino reconheça o Estado de Israel e abandone a violência. Estados Unidos e União Européia, contudo, não fecharam completamente a porta para possíveis vínculos com a nova administração, ressaltou Beale. Ambos indicaram que vão manter contato com os palestinos que são leais ao presidente Mahmoud Abbas, da Fatah, e não pertencem ao grupo militante Hamas.