EUA tentam explicar contato com golpista

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Por Agencia Estado
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O governo dos Estados Unidos negou, nesta quarta-feira, que seu secretário de Estado-adjunto para a América Latina, Otto Reich, tenha tido contato com o empresário venezuelano Pedro Carmona durante as 48 horas em que este ocupou o poder em Caracas, após o golpe de Estado contra o presidente constitucional do país, Hugo Chávez. Os contatos do governo dos EUA com Carmona se deram todos por meio do embaixador norte-americano em Caracas, Charles Shapiro. Lino Gutierrez, o número dois de Reich, disse nesta quarta que, em suas conversas com Carmona, Shapiro "deixou claro que os EUA não apoiariam uma quebra da ordem constitucional". Gutierrez disse também que os Estados Unidos "reconhecem Chávez como o presidente eleito da Venezuela" - o primeiro funcionário da administração a fazer tal afirmação. Perguntado pela Agência Estado se os EUA não deveriam ter consultado os países da América Latina, que condenaram a tentativa de golpe na manhã da última sexta-feira, e seguido seu exemplo, Gutierrez disse que o Departamento de Estado manteve contato com "algumas embaixadas". A administração Bush tentará sair, nesta quinta-feira, da defensiva e salvar a face propondo um maior envolvimento da Organização dos Estados Americanos (OEA) num esforço de diálogo interno para reduzir a tensão entre adversários e partidários de Chávez. O argumento norte-americano é que a situação na Venezuela não está estabilizada, e o hemisfério deve trabalhar por meio da OEA para promover o diálogo interno. O modelo usado é o da intervenção da OEA no Peru, dois anos atrás, na crise provocada pela tentativa do então presidente Alberto Fujimori de permanecer no poder depois de uma eleição irregular. Ao invocar sua Carta Democrática, no último domingo, a OEA enviou a Caracas seu secretário-geral, Cesar Gaviria, e convocou uma assembléia-geral extraordinária para esta quinta-feira, para ouvir o relato de sua missão. Mas a restauração de Chávez e as desconfianças deixadas pelo comportamento da administração Bush durante a malograda tentativa de golpe parecem ter esvaziado antecipadamente o encontro. Até a noite desta quarta, os chanceleres do Caribe eram os únicos que haviam confirmado presença na reunião. O Departamento de Estado não estava nem mesmo em posição de confirmar a presença do secretário de Estado, Colin Powell, que retorna nesta quinta-feira a Washington de sua frustrada tentativa de mediação do conflito no Oriente Médio. O governo da Venezuela adiantou nesta quarta-feira, numa reunião informal, que não pedirá missão da OEA para intermediar o diálogo interno, como permite o artigo 17 da Carta Democrática. Embora isso não exclua a possibilidade de os países oferecerem ajuda, não se esperam resultados significativos. A volta de Powell a Washington alimenta especulações sobre sua reação ao que os críticos da administração Bush e vozes dentro da própria burocracia consideram uma canhestra atuação da diplomacia norte-americana. Para Michael Shifter, vice-presidente do Diálogo Interamericano, a conduta da administração Bush "provavelmente teria sido diferente se Powell estivesse em Washington". Grandes Acontecimentos InternacionaisESPECIAL VENEZUELA

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