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EUA tentam reduzir expectativas sobre fala de Powell

Por Agencia Estado
Atualização:

A administração Bush procurou reduzir as expectativas sobre as informações que o secretário de Estado, Colin Powell, apresentará na quarta-feira ao Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU) para demonstrar que Saddam Hussein não honrou, uma vez mais, o compromisso que assumiu dois meses atrás, de cooperar com uma missão de inspeção de armas de destruição em massa no Iraque. O objetivo do chefe da diplomacia norte-americana é responder aos críticos internos e externos da estratégia da Casa Branca para tirar o ditador iraquiano do poder e tentar ganhar o apoio do CS para uma solução de força na confrontação com o regime de Bagdá, que parece cada dia mais provável. Em artigo publicado no Wall Street Journal, Powell referiu-se à França e à Alemanha, que são contrários à saída militar e insistem que os inspetores tenham mais tempo para realizar sua missão. Ele prometeu "trabalhar para resolver nossas diferenças" numa nova "rodada de consultas como os nossos aliados sobre os próximos passos". No mesmo artigo, o secretário de Estado escreveu que não levará um "revólver fumegante", ou seja, a prova do crime, à reunião do Conselho. Mas ele afirmou que apresentará provas "diretas, sóbrias e convincentes" de que Saddam está escondendo armas que está proibido de ter e, assim, violando a vontade internacional formalmente manifestada mais de uma vez nos últimos 12 anos pelo Conselho de Segurança. Um dos principais assessores de Powell, o chefe de planejamento político do departamento de Estado, Richard Haass, indicou em entrevista publicada hoje pelo jornal egípcio Al-Ahram que não se deve esperar uma reprise da exibição de fotos que um outro secretário de Estado, Dean Acheson, fez em 1962 ao Conselho para provar que a União Soviética havia colocado mísseis nucleares em Cuba e demonstrar que o bloqueio naval na ilha, ordenado pelo presidente John F. Kennedy, era justificado. "Não quero elevar as expectativas", disse Haass. "Não apresentaremos fotografia de 30.000 ogivas empilhadas que podem carregar armas químicas", afirmou ele. O ex-subsecretário político do Departamento de Estado, embaixador Thomas Pickering, que foi o número 3 a diplomacia norte-americana no governo Clinton, disse, no último domingo, que uma das coisas que suspeita que Powell apresentará ao Conselho são indícios, informações e mesmo provas de que as armas proibidas que o Iraque nega possuir não foram encontradas até agora pelos inspetores da ONU porque estão instaladas em plataformas que permitem seu rápido deslocamento de um lugar para o outro. "No tempo em que eu estava na administração, recebemos muitas informações sobre coisas no Iraque montadas sobre rodas." O problema da administração não é, no entanto, comprovar que Saddam Hussein é um mau governante, um tirano, um assassino e um deliqüente internacional. Seu desafio será convencer o Conselho de Segurança e amplos setores da opinião pública norte-americana e do establishment que se perguntam se a guerra é a melhor resposta. Embora o coro dos críticos não tenha nenhum líder que os galvanize, ele é compostos por vozes de gente que sabe o que está dizendo. Um exemplo típico é o do general de Exército reformando Anthony Zinni, ex-chefe do Comando Central das forças armadas norte-americanas, que se ocupa do Iraque e do Oriente Médio. Ele disse que não faz objeção, em princípio, a uma operação punitiva contra o líder iraquiano e acha até que ela já devia ter sido desencadeada. A dúvida, segundo o ex-general, é se uma guerra contra o Iraque não causará mais danos do que benefícios aos interesses dos Estados Unidos, alienando países árabes cuja cooperação é vital para o sucesso da guerra contra o terrorismo.

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