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EUA trabalham com hipótese de ''solução turca''

Por Gustavo Chacra
Atualização:

Criticados por não adotarem uma posição mais dura contra o regime de Hosni Mubarak, autoridades do governo de Barack Obama defenderam ontem uma transição para a democracia no Cairo. Ao mesmo tempo, evitaram afirmar que o atual presidente egípcio deva ser removido do cargo. Analistas afirmam que a estratégia dos EUA visa uma democratização segura do Egito, sem o risco de a Irmandade Muçulmana assumir o poder. "Somos muito claros ao dizer pública e privadamente que as autoridades egípcias devem iniciar um processo de diálogo nacional que leve a uma transição. O próprio presidente Mubarak disse isso, ao afirmar que daria passos para reformas democráticas e econômicas. Esperamos que isso aconteça", disse a secretária de Estado, Hillary Clinton. Ela rejeitou a suspensão da ajuda militar de US$ 1,3 bilhões para o Egito neste momento.O temor em Washington é que os "EUA se posicionem do lado errado da história", ao não ser claro na sua oposição ao regime de Mubarak, conforme escreveram professores das universidades Harvard, Yale e Princeton em artigo na revista Foreign Policy. Outros temem que o fim do regime coloque em risco a estabilidade na região, o acordo de paz do Egito com Israel e aumente a possibilidade de a Irmandade Muçulmana assumir o poder.De acordo com Hani Sabra, especialista em Oriente Médio da Eurasia, o novo vice-presidente Omar Suleiman, que chefiava a inteligência militar, e o novo premiê, Ahmed Shafik, que comandou a Força Aérea, "provavelmente tentarão facilitar uma saída ordenada de Mubarak, num esforço para que o Egito tenha um destino parecido ao da Turquia nos anos 80 e 90, com representação democrática e influência limitada dos radicais islâmicos".

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