EUA usam Uruguai e Argentina para protestar contra Cuba na ONU

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Por Agencia Estado
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Apesar de não fazerem parte da Comissão de Direitos Humanos da ONU, os Estados Unidos conseguem que seus interesses sejam representados por seus "aliados". Hoje, um grupo formado por Uruguai e a Argentina apresentou uma proposta de resolução na ONU contra o regime de Cuba, provocando uma crise política entre os países latino-americanos. O Brasil se absteve. Essa é a primeira sessão da história da Comissão de Direitos Humanos a não contar com os Estados Unidos, que foram excluídos pelos demais países da ONU no ano passado por votação. Sem poder de propor resoluções, a solução da Casa Branca foi encontrar porta-vozes que pudessem apresentar suas propostas. Depois de consultar uma série de governos da região, os Estados Unidos conseguiram convencer o governo de Montevidéu a patrocinar uma resolução contra Cuba. Além dos uruguaios e dos argentinos, os governos do Peru, Guatemala, Honduras, Canadá e Nicarágua também apoiaram a idéia. "O que esses países latino-americanos estão fazendo é uma traição, pois estão defendendo os interesses dos norte-americanos em continuar a política de genocídio contra Cuba", afirmou o embaixador de Cuba na ONU, Ivan Mora. Outros diplomatas latino-americanos classificaram a iniciativa de "escandalosa" e "vergonhosa". Mas na avaliação de diplomatas de Montevidéu, a resolução apenas pede que o governo cubano realize "esforços para obter avanços nos campos dos direitos humanos, civis e políticos". Além disso, a proposta inclui o envio de uma missão para investigar as violações aos direitos humanos por parte do governo de Fidel Castro. Assim que a proposta foi apresentada, Brasil e Chile se manifestaram contrários à idéia e se recusam a apoia-la. "Nossa oposição é de abstenção", disse à Agência Estado o embaixador do Brasil na ONU, Luis Felipe Seixas Correa. O embaixador cubano, Ivan Mora, lembra que "o Brasil sempre teve uma posição digna em relação à Cuba e prova isso ao não se somar ao grupo que apresenta a resolução". Originalmente, a proposta contra Cuba deveria ter sido apresentada pelo Peru, país visitado pelo presidente norte-americano George W. Bush há menos de um mês. Mas hoje, o congresso peruano votou uma resolução impedindo que o presidente Alejandro Toledo seguisse adiante com a idéia. A solução foi passar a autoria da resolução para os uruguaios, que foram apoiados pela Argentina. Diante da oposição de Brasil e Chile, os países latino-americanos chegaram a organizar um reunião e não convidaram diplomatas brasileiros e chilenos. Nesta quinta-feira, a resolução começa a ser debatida. Mas o embaixador de Cuba adverte: "vamos responder à iniciativa desse grupo". A idéia de Cuba é propor uma resolução condenando a violações aos direitos humanos nesses países.

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