EUA usarão relatório de Blix como arma diplomática

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Por Agencia Estado
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O secretário de Estado Colin Powell disse nesta segunda-feira que o relatório apresentado ao Conselho de Segurança das Nações Unidas pelos inspetores de armas da organização no Iraque comprova que o regime de Saddam Hussein ?continua a desafiar a vontade da ONU?. Numa indicação que Washington usará as informações produzidas em dois meses de trabalho pela equipe chefiada por Hans Blix para tentar articular o apoio do Conselho de Segurança e da comunidade internacional para uma ação militar contra o Iraque, o secretário de Estado disse que o governo dos EUA ?continua a ter esperanças numa solução pacífica?. Ele ressalvou, no entanto, que isso depende do Iraque. Com as forças armadas americanas em fase final de mobilização para uma possível nova Guerra no Golfo Pérsico a partir de março, o presidente George W. Bush deve fazer hoje um chamamento à comunidade internacional para preservar a credibilidade do Conselho de Segurança, no discurso anual que fará a partir de 21 horas (meia noite em Brasília), perante uma sessão conjunta do Congresso. Bush não deverá dar um ultimato, com um prazo final para Bagdá submeter-se plenamente aos termos da resolução 1441, que ressuscitou o regime de inspeção de armas no Iraque. Mas assessores disseram que ele deverá deixar claro, como Powell fez, que o ?tempo está se esgotando? para uma solução pacífica. O secretário de Estado evitou responder diretamente quanto tempo mais os EUA estão dispostos a dar aos inspetores, como estes solicitaram. Disse apenas que Saddam Hussein ?não tem mais muito tempo? para acatar as ordens da ONU e colaborar plenamente com as inspeções, se quiser evitar uma guerra. ?O regime de Bagdá respondeu até agora com alegações vazias, com declarações vazias e com gestos vazios?, disse Powell. ?A recusa do Iraque de desarmar-se continua a ameaçar a paz e a segurança internacional?, continuou ele. Segundo o secretário de Estado, as perguntas não respondidas pelo relatório de Blix e acusação de falta de cooperação, que o chefe dos inspetores lançou contra o Iraque, ?não foram uma surpresa?. Powell listou as questões que Bagdá precisa responder se quiser evitar uma ação punitiva. ?Onde está o antraz que não foi encontrado??, perguntou ele. ?Essa não é apenas uma questão de curiosidade histórica; é essencial para nós sabermos o que acontecer com esse material letal?. Powell ainda que Bagdá precisa explicar o que aconteceu com a munição para armas químicas e biológicas que o país sabidamente tinha antes da guerra do Golfo de 1991, o que aconteceu com seus laboratórios móveis e reconhecer que violou restrições sobre a posse de mísseis com raio de mais de 150 milhões, impostas pelas resoluções da ONU que contêm os termos da rendição incondicional do Iraque ao final do conflito de doze anos atrás. ?O que fica claro no importante relatório apresentado hoje ao Conselho de Segurança é que o Iraque falhou no cumprimento (da resolução 1441), que o Iraque continúa a ter armas de destruição em massa não contabilizadas e que essa falha criou uma situação na qual os inspetores estão sendo enganados?, afirmou o porta-voz da Casa Branca, Ari Flesicher. Um sinal de que a estratégia americana de usar o relatório para conseguir apoio do Conselho de Segurança para uma ação armada contra o Iraque poderá ser bem sucedida foi dado ontem pela reação da Alemanha ao relatório de Blix. O governo de Berlim, que assume no mês que vem a presidência rotativa do Conselho e já declarou sua oposição a uma solução de força no Iraque, afirmou ontem que o regime de Bagdá têm o ônus de comprovar que submeteu-se plenamente aos termos da resolução 1441 do Conselho.

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