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EUA vão esperar europeus antes de ir ao Conselho de Segurança contra o Irã

Por enquanto, a disposição dos EUA é pressionar por pressões no Conselho

Por Agencia Estado
Atualização:

Os Estados Unidos se preparam para tentar impor sanções ao Irã por meio do Conselho de Segurança da ONU, embora tenham decidido esperar os resultados da nova rodada de negociações da próxima semana entre a União Européia e o regime de Teerã. O embaixador dos EUA na ONU, John Bolton, disse nesta quinta-feira, 31, que seu país se dispõe a pressionar por sanções no Conselho de Segurança, mas que não prevê a realização de outro debate sobre o programa nuclear iraniano antes do esforço diplomático europeu. "O relatório põe em evidência que o Irã busca a fabricação de armas atômicas", afirmou Bolton sobre o informe em que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) denunciou hoje que Teerã mantém o processo de enriquecimento de urânio. "Não existe outra explicação sobre o comportamento do Irã", assegurou Bolton, após lembrar que não se pode confirmar a natureza pacífica do programa nuclear iraniano - como afirma Teerã - devido à falta de cooperação desse país com a AIEA, com sede em Viena. "Isto não se baseia em informação de inteligência, mas na leitura dos relatórios da AIEA", acrescentou. O embaixador dos EUA minimizou a importância da oposição expressada por Rússia e China - que se abastecem de petróleo iraniano e têm direito a veto no Conselho de Segurança - a adotar sanções contra o Irã. Bolton se referiu à declaração conjunta dos ministros de Exteriores dos cinco grandes do Conselho de Segurança - EUA, Reino Unido, França, Rússia e China - mais a Alemanha, que serviu de base para o ultimato para que o Irã suspendesse seus planos nucleares, que venceu nesta quinta. "Esses países se comprometeram a voltar ao Conselho de Segurança para discutir a imposição de sanções, se o Irã continuar rejeitando a oferta da comunidade internacional e não cumprir a suspensão do enriquecimento de urânio como pede a resolução 1696", disse Bolton. "Não podemos pensar que vão retirar sua palavra." Bolton ressaltou, além disso, que não se requer unanimidade no Conselho de Segurança, e sugeriu que Rússia e China poderiam abster-se, o que não impediria a aprovação de uma resolução que imponha sanções, caso consiga o apoio de nove dos 15 países que compõem o órgão. O embaixador dos EUA admitiu, no entanto, que não acredita que a crise nuclear iraniana volte a ser debatida no Conselho de Segurança antes da próxima reunião do alto representante para a Política Externa da União Européia (UE), Javier Solana, com o negociador do Irã, Ali Larijani. Porta-vozes de Solana afirmaram em Bruxelas que esse encontro será realizado "em breve", após revelar que uma reunião entre o chefe da diplomacia européia e o representante iraniano havia sido marcado durante uma conversa por telefone. Não foram oferecidos mais detalhes sobre o encontro. Bolton disse, no entanto, que a reunião ocorrerá "na próxima semana, em solo europeu, a pedido europeu". Segundo fontes das Nações Unidas, o novo compasso de espera responderia a um novo pedido da UE para esgotar a via diplomática para resolver a crise nuclear com o regime iraniano. Os representantes europeus são reticentes a empregar publicamente o termo "sanções" embora, segundo antecipou o jornal "The New York Times", já teriam coordenado com os americanos uma série medidas punitivas contra o Irã caso o diálogo fracasse. O jornal nova-iorquino afirma que entre elas figura o embargo de materiais atômicos e a proibição de viagem para cientistas nucleares iranianos, uma informação que Bolton não quis comentar.

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