
22 de novembro de 2010 | 06h48
Índice Nikkei fechou no nível mais alto em cinco meses
O mercado financeiro reagiu bem ao anúncio do empréstimo oferecido pela União Européia (UE) à Irlanda. Nesta segunda-feira, o euro subiu para US$ 1,376, enquanto o índice Nikkei, do Japão, fechou em alta de 0,9%, o nível mais alto dos últimos cinco meses.
Por volta das 6h30 (hora de Brasília) as principais bolsas europeias também registravam ganhos. Em Londres, o índice FTSE operava em alta de 0,76%; em Paris, o CAC registrava 0,82% e o Dax, da bolsa de Frankfurt, tinha valorização de 0,82%.
No domingo, o primeiro-ministro da Irlanda, Brian Cowen, confirmou ter chegado a um acordo com a União Europeia (UE) sobre um empréstimo para equilibrar as contas públicas irlandesas.
Cowen afirmou que os detalhes do acordo seriam negociados nos próximos dias.
Segundo o ministro irlandês das Finanças, Brian Lenihan, a quantia será inferior a 100 bilhões de euros (cerca de R$ 235 bilhões) e será usada para diminuir o déficit orçamentário do país para 3% do PIB até 2014.
Em comunicado conjunto, os ministros europeus das Finanças elogiaram o pedido irlandês por auxílio e disseram ter concordado em fornecer empréstimos ao país.
Segundo o grupo, o dinheiro virá de fundos geridos pela União Européia e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Outros países, como a Suécia e a Grã-Bretanha, também ofereceram empréstimos adicionais à Irlanda.
Cowen afirmou que seu governo em breve anunciaria um plano orçamentário para os próximos quatro anos que reestruturaria o sistema bancário do país, reduzindo o tamanho dos bancos.
Em Bruxelas, o comissário das Finanças da UE, Olli Rehn, disse que os empréstimos seriam fornecidos ao longo de três anos.
Solidariedade
A crise econômica mundial atingiu a Irlanda em cheio.
Outrora apelidado de Tigre Celta por seu forte crescimento econômico - estimulado pelos baixos impostos sobre os lucros das empresas -, o país viu seu sistema bancário se endividar por causa do estouro de uma bolha no setor imobiliário.
O endividamento encareceu os custos de empréstimos para os próprios bancos e para o governo.
Ao anunciar o plano de resgate, Cowen apelou por solidariedade.
"Ao povo irlandês eu digo simplesmente isto: Não devemos subestimar a escala dos nossos problemas econômicos, mas devemos ter fé na nossa capacidade como um povo de nos recuperarmos e prosperarmos de novo", disse ele numa coletiva de imprensa.
"Agora precisamos mostrar no nosso próprio país a solidariedade que os nossos vizinhos nos mostraram neste momento", afirmou.
Pressão
A Irlanda vinha sendo pressionada por vizinhos europeus a pedir ajuda financeira. O pedido é uma reviravolta para o governo irlandês, que no início da semana passada afirmara que o empréstimo era desnecessário.
O país tem gastado cerca de 19 bilhões de euros (R$ 45 bilhões) a mais do que arrecada, e os seus bancos também precisam de uma grande injeção de dinheiro.
O governo irlandês será o segundo país a receber um empréstimo da UE e do FMI para combater os efeitos da crise.
Em maio, a Grécia negociou um pacote de 110 bilhões de euros, a serem repassados ao longo de três anos.
Agora as atenções se voltam para Portugal, outra pequena economia da zona do euro com alto nível de endividamento.BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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