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Europa busca reforçar imagem institucional abalada

Por Agencia Estado
Atualização:

Os líderes europeus fecharam na noite de segunda-feira naquele continente um consenso sobre a crise no Iraque, reforçando a resolução 1.441 das Nações Unidas, que exige o desarme do Iraque, mantendo a mensagem de que o único que pode evitar a guerra é o próprio Sadan Hussein. Entretanto a Cúpula, considerada uma "operação de alto risco" por muitos cientistas políticos, porque poderia acentuar ainda mais as divergências européias sobre a crise no Iraque, acabou conseguindo juntar os cacos da imagem institucional do bloco, arranhada desde a publicação da "carta dos oito" presidentes, no fim de janeiro. O chanceler da União Européia, Javier Solana, declarou ao final da noite: "o importante é que a Europa tem uma posição comum e é a voz que devemos seguir para resolver esta situação dramática". A divisão dos quinze começou depois que Londres, Paris, Madri, Roma e cinco outros países membros ou candidatos à UE saíram da linha, fazendo passar a "solidariedade transatlântica" à frente da coesão comunitária, ao assinarem um texto comum em apoio a política de George W. Bush. A carta pública aconteceu três dias depois que os quinze haviam adotado uma plataforma pelo desarmamento do Iraque, de preferência pacificamente e graças ao prosseguimento das inspeções da ONU. Porém, os líderes europeus vieram dispostos a tentar que a crise iraquiana não se desdobre em uma crise européia. A participação do secretário geral das Nações Unidas, Kofi Annan, neste palco preparado para reiterar a importância do coro europeu, engrossou ainda mais as chamadas de reforço institucional. Em sua passagem por Bruxelas, Annan pediu que a Europa enfocasse o desarme do Iraque e evitasse os enfrentamentos, "buscando uma posição em comum". O presidente pro-tempore da União Européia, o primeiro ministro grego Constatinos Simitis, ao concluir a reunião dos líderes europeus, afirmou que a resposta da UE à crise no Iraque pode assegurar a paz, mas enfatizou que "a guerra não é inveitável". "O Iraque deverá responder a todas as questões sem ambiguidade, o tempo corre contra Saddan Hussein", disse Simitis, baseado em uma sugestão do governo britânico, que acabou aceita pelos sócios comunitáros no documento final. "A conclusão desta Cúpula não implica que o Reino Unido não irá perfilar-se com os Estados Unidos, sendo seguido pela Itália e Espanha em uma intervenção militar unilateral, caso não aconteça a segunda resolução da ONU", analisa o cientista político internacional, Bart Kerremans, da Universidade de Louvain, que acredita ser inevitável o conflito bélico no Iraque. Mas, o que se passou em Bruxelas nesta segunda-feira não demonstra a prática dos fatos, mas a embalagem e a força que esses fatos devam ter.

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