Europa derruba mais fronteiras

Outros 9 países passam a integrar o Espaço Schengen, que agora permite tráfego sem visto entre 24 Estados

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Por Bruxelas
Atualização:

A partir de hoje, será possível viajar de Tallin, na Estônia, para Lisboa, em Portugal, sem mostrar um documento sequer nos cerca de 4 mil quilômetros do trajeto. Desde a zero hora de hoje, o Espaço Schengen - que estabelece uma zona sem controle fronteiriço dentro da União Européia (UE) - passará a ser integrado por mais nove países: Polônia, Estônia, Lituânia, Letônia, Hungria, Eslovênia, Malta, República Checa e Eslováquia. Com a ampliação, o espaço terá 24 membros e englobará uma população de 400 milhões de pessoas. A liberação dos controles nas fronteiras valerá apenas para as entradas terrestres e marítimas. Nos aeroportos, no entanto, ainda será necessário apresentar passaporte ou documento de identidade até 30 de março. A ampliação do espaço, que muitos vêem como o fim definitivo da Cortina de Ferro entre o Ocidente e o bloco soviético, deve ser um incentivo para o turismo e o comércio nos novos membros. Alguns países, no entanto, temem que a zona ampliada leve a um aumento de crimes ou que a fronteira do bloco da UE se torne menos segura. "Quando o espaço foi criado nos anos 80, também havia o mesmo temor. Mas isso não aconteceu", afirmou Markus Beyer, porta-voz do Ministério do Interior da Alemanha. Há alguns anos, a Frontex, agência da UE responsável pela coordenação entre os membros de Schengen, vem trabalhando com os nove países para certificar-se de que os requisitos de segurança serão cumpridos. Os países tiveram de aprender a usar o Sistema de Informação Schengen (SIS), que integra os controles fronteiriços externos do bloco. Caso uma pessoa seja impedida de entrar na Polônia, por exemplo, a segurança na fronteira dos outros países será informada automaticamente do incidente, impedindo a reapresentação do passaporte em outro local. A sede da Frontex, em Varsóvia, na Polônia, é um claro indício de que o país pode ser a maior fonte de problemas para Schengen. Ilkka Pertti Juhani Laitinen, diretora da agência, reconhece que a imigração ilegal vinda do leste, especialmente da Ásia Central, ainda é um desafio. Os poloneses, no entanto, comemoraram a inclusão, afirmando que ela demonstra que o país está em pé de igualdade com os outros membros do bloco. "Nossa fronteira será bem protegida", garantiu o vice-diretor do controle fronteiriço da Polônia, Andrzej Adamczyk. Segundo ele, o governo investiu na compra de equipamentos como câmeras de visão noturna e novos veículos. A Eslovênia foi outro país que investiu para poder ser incluído em Schengen. Seu governo fechou uma série de pontos na fronteira com a Croácia e recrutou quase 2 mil novos policiais para reforçar a segurança. Em 2009, deve entrar em funcionamento o SIS II, que permitirá o armazenamento de dados biométricos, como impressões digitais. Mesmo com as preocupações de alguns países, analistas dizem que a expansão de Schengen deve ter um impacto positivo. Para Hugo Brady, pesquisador do Centro para Reforma Européia, com sede em Londres, o avanço da fronteira da UE deve ampliar a cooperação com países como a Ucrânia, Bielo-Rússia e Rússia. "As fronteiras são complicadas para se controlar, portanto, é preciso aumentar a cooperação entre os países dos dois lados", afirmou. AFP, DER SPIEGEL E THE NEW YORK TIMES

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