Europa fecha cerco a sul-americanos ilegais

Na primeira fase da operação Amazon II, mais de 800 imigrantes foram impedidos de entrar em países europeus; 202 brasileiros foram barrados na primeira semana

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Por Agencia Estado
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A chegada de sul-americanos ilegais no território europeu está se transformando em uma crise depois que o volume de bolivianos, brasileiros, colombianos e equatorianos desembarcando nos aeroportos da Europa se multiplicou nos últimos meses de 2006, principalmente na Espanha e Portugal. Não por acaso, a polícia européia optou por conduzir sua primeira operação do ano no fluxo de imigrantes vindos da América do Sul. Mas as autoridades políticas em Bruxelas admitem que terão de estabelecer uma estratégia com os países de origem dessa imigração para tentar resolver o problema. Um total de 202 brasileiros foram proibidos de entrar na Europa na primeira semana da operação chamada de Amazon II, conduzida pela Agência de Controle de Fronteiras Externas da União Européia (Frontex). No total, mais de 800 sul-americanos foram barrados durante a primeira fase da operação. Mas o anúncio da agência é apenas "a ponta do ice-berg", alertaram diplomatas europeus ao Estado. A maioria dos sul-americanos não precisa por enquanto de visto para entrar em países europeus e, por isso, driblam o controle de fronteira. Uma das maiores preocupações se refere aos bolivianos, que tem chegado principalmente a Madri em quantidades recordes. No final de 2006, o número médio de bolivianos desembarcando na Espanha chegava a mil por dia, 30 mil apenas em dezembro. Doze meses antes, o número não chegava a 300 por dia. Os esquemas usados pelos imigrantes chegam a ser sofisticados para tentar enganar os guardas de fronteira. Alguns chegam a montar grupos de turismo, inclusive com uma guia fictícia para tentar dar a impressão de que não tentarão ficar nos países europeus. Mas a orientação das autoridades européias às polícias de fronteira é para que o controle seja cada vez mais rígido em relação aos aviões que desembarcam da América do Sul. Um dos critérios usados pelos agentes é o financeiro. Na maioria dos casos, as pessoas que chegam como imigrantes ilegais não contam com recursos, não sabem exatamente onde ficarão hospedadas e não conseguem provar que trabalham em seus países de origem. A União Européia afirma que sabe que não resolverá o problema apenas com operações policiais e de controle das fronteiras. Por isso, insistirá nas conversas políticas com os governos sul-americanos sobre a necessidade de uma estratégia em relação aos imigrantes. A Espanha, por exemplo, tenta fechar um acordo com a Bolívia até abril. O entendimento exigirá vistos dos bolivianos, mas os espanhóis se comprometem a oferecer postos de trabalho regularizados para um certo número de estrangeiros. Já Bruxelas acredita que precisará continuar financiando programas sociais na região para criar melhores condições de vida e, assim, evitar que sul-americanos tentem sair de seus países. Brasileiros O Ministério das Relações Exteriores informa que está acompanhando o trabalho da Agência Européia de Gestão da Cooperação Operacional nas Fronteiras Externas (Frontex) e não ter identificado nenhum indício de um rigor especial no controle de entrada de brasileiros. Na primeira semana da operação Amazon 2, realizada pela Frontex com objetivo de limitar o fluxo de imigrantes ilegais vindos da América do Sul, 202 brasileiros foram proibidos de entrar na Europa. De acordo com informações divulgadas pela rede britânica BBC, o número de brasileiros barrados foi ultrapassado apenas pelo de bolivianos, que somaram 315 no mesmo período. Segundo o Itamaraty, cada país estabelece a sua própria política de imigração, definindo as regras que precisam ser cumpridas pelos estrangeiros que lá desembarcam. O Itamaraty assegura que o governo está atento para casos de eventual violação de direitos básicos dos cidadãos brasileiros, em especial episódios de maus tratos. Informa, ainda, que nesse tipo de situação os imigrantes barrados são remetidos de volta para seu país o quanto antes, normalmente embarcados no primeiro vôo de volta.

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