Europa levanta sanções contra Cuba

Decisão, basicamente simbólica, visa a estimular reformas na ilha

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Por AP , Reuters , AFP , Efe e Bruxelas
Atualização:

A União Européia (UE) concordou ontem em levantar as sanções diplomáticas que adotou em 2003 contra Cuba, mas impôs condições a Havana para não voltar a restringir as relações com a ilha comunista. A decisão, que entrará formalmente em vigor na segunda-feira, é basicamente simbólica, já que as sanções estavam suspensas desde 2005. A principal medida era a proibição de visitas de altos funcionários cubanos à Europa. A encarregada de Relações Exteriores da União Européia, Benita Ferrero-Waldner, afirmou que o bloco concluiu que precisa cooperar com as mudanças promovidas em Cuba depois que Raúl Castro assumiu, em fevereiro, a presidência do país no lugar de seu irmão Fidel - afastado desde 2006, quando foi submetido a uma delicada operação no intestino. Benita pediu que Havana "liberte prisioneiros e trabalhe efetivamente para resolver problemas de direitos humanos". Ela assinalou ainda que, daqui a um ano, a UE avaliará a situação na ilha e, caso não tenham ocorrido avanços, poderá voltar a adotar sanções. O chanceler sueco, Carl Bildt, afirmou que o levantamento das sanções não significa que a UE esteja abrandando sua posição em relação a Cuba, argumentando que requisitar encontros com autoridades cubanas para discutir questões de direitos humanos e exigir acesso a dissidentes políticos é o melhor caminho de pressionar por reformas. "Nós não suavizamos nossa posição, não", disse Bildt. "É um regime repressivo mesmo pelos padrões da Bielo-Rússia. Nós somos bastante explícitos sobre o que queremos: queremos mudanças democráticas." Ele acrescentou que a UE pressionará as autoridades cubanas a abrir a economia, liberar o acesso à internet e libertar prisioneiros políticos. Opositores cubanos ouvidos pela agência EFE, entre eles Vladimiro Roca, do grupo Todos Unidos, lamentaram a decisão da UE e manifestaram o temor de que agora aumente a repressão. Os EUA também criticaram a medida. O porta-voz do Departamento de Estado, Tom Casey, disse que a decisão européia "pode passar a impressão de que se está legitimando um regime ditatorial".

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