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Europa precisa se reinventar, mas não sabe como o fará

Presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, apresentará Livro Branco aos 28 países membros com cinco propostas para desenvolver um “elixir da juventude” capaz de apagar as rugas da União Europeia

Por Gilles Lapouge
Atualização:

Em breve, a Europa comunitária completará 60 anos e o aniversário será celebrado no fim deste mês, em Roma. O bloco vai aproveitar a ocasião para debater o que poderá ser feito para melhorar seu aspecto. O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, redigiu um Livro Branco que será apresentado aos 28 países membros a fim de desenvolver um “elixir da juventude” capaz de apagar as rugas da União e dar ao seu rosto um ar de alegria e otimismo.

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Juncker é um funcionário excelente, muito superior ao antecessor, o português José Manuel Barroso, mas não brilha pela audácia, nem pelo número de ideias. Assim, ele se contentou em propor no seu Livro Branco cinco opções, entre as quais será preciso escolher.

Vamos citar em primeiro lugar duas soluções que não serão acatadas. A primeira é não mudar nada, ou seja, assistir sem reagir à asfixia da Europa. A segunda, pelo contrário, é mais ofensiva: estabelecer um modelo federalista. Mas nenhum país europeu terá a audácia de apoiar essa alternativa, tão violento é o retorno dos nacionalismos na totalidade dos membros da UE.

Um outro cenário seria “federalizar” as funções essenciais (por exemplo, a Defesa e o controle das fronteiras), mas devolver a cada país sua plena soberania sobre competências que não são do interesse da União. Outra ideia: limitar a UE a sua vocação de “mercado único” de bens e capitais. Essa visão realista e mercantilista teria todo o apoio do Reino Unido, mas o país, com o voto do Brexit, já está abandonando o bloco.

Resta a única ideia que desperta alguma paixão: criar uma Europa com “geometria variável”. Como submeter às mesmas regras bancárias e financeiras uma locomotiva como a Alemanha e economias raquíticas como Grécia ou Chipre? Essa operação levará a uma atrofia da UE.

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A iniciativa de Juncker é legítima. A Europa está condenada a se reinventar se não quiser assistir ao seu declínio. Entretanto, nenhum dos caminhos do Livro Branco parece estar à altura dos perigos que ameaçam a UE. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO 

* É CORRESPONDENTE EM PARIS