Europa vive quarta-feira de protestos

Manifestações contra medidas de austeridade fiscal aconteceram em 23 países.

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Por BBC Brasil
Atualização:

Milhares de europeus participaram nesta quarta-feira de uma série de protestos e greves contra o crescente desemprego e as medidas de austeridade fiscal nos países que compõem a União Europeia. Greves na Espanha e em Portugal interromperam os transportes, além de fecharem estabelecimentos comerciais e escolas. Na capital espanhola, Madri, a polícia e os manifestantes entraram em confronto. Os protestos ocorreram simultaneamente em 23 países, incluindo Grécia, França e Bélgica, segundo afirmaram sindicatos à BBC. Centenas de voos também foram cancelados. As companhias aéreas estão recomendando a seus passageiros que chequem o status de seus voos antes de saírem de casa rumo aos aeroportos. A British Airways e a Easyjet estão entre as empresas forçadas a cancelar alguns de seus serviços. Um porta-voz de Heathrow, o aeroporto internacional de Londres, disse à BBC que 36 voos já foram cancelados devido aos protestos. Sem trabalho Sindicatos na Espanha e em Portugal iniciaram os protestos à 0h local em retaliação às medidas de aperto fiscal que combinam aumento de impostos com cortes em salários, pensões, benefícios e serviços sociais. A situação é particularmente instável na Espanha, onde o desemprego ronda 25% da força de trabalho, o maior da Europa. Em vários momentos do dia, polícia e manifestantes entraram em confronto em inúmeras cidades espanholas. Na capital, Madri, houve confronto em uma garagem de ônibus depois que os manifestantes tentaram impedir que os veículos deixassem o local. O ministro do Interior espanhol afirmou que mais de 80 prisões foram efetuadas por todo o país. Dezenas de países, incluindo 18 policiais, foram feridos. O governo, entretanto, diminuiu a importância do protesto, alegando que a rede elétrica registrava 80% de uso. Mas os sindicatos afirmaram que as operações de grandes companhias, como Danone e Heineken, foram interrompidas pelas manifestações. No vizinho Portugal, manifestantes tomaram as ruas nas primeiras horas do dia, carregando placas em que criticavam a União Europeia, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Central Europeu (BCE). A tríade, conhecida como troika, emprestou 78 bilhões de euros (R$ 200 bilhões) como condição para a realização de medidas de austeridade fiscal. A taxa de desemprego no país atingiu o recorde histórico de 15,8% segundo a última divulgação, ocorrida na quarta-feira. O primeiro-ministro português Pedro Passos Coelho reconheceu que o aumento era uma "notícia ruim" que ele próprio não esperava. "Nós sabemos que o nível de desemprego aumentará um pouco mais antes de decair", acrescentou. Na Itália, os sindicatos convocaram uma série de protestos de quatro horas ao longo dia que afetaram os transportes rodoviários, ferroviários e aéreos. Correspondentes disseram, no entanto, que os primeiros sinais do impacto foram limitados. A polícia em Roma lançou bombas de gás lacrimogênio em direção aos manifestantes, que revidaram atirando objetos em direção às forças de segurança. Na Grécia, o protesto foi a terceira maior passeata em dois meses. Desde que recebeu o pacote de resgate europeu, seguidos governos tentam, em vão, administrar a impopularidade gerada pelos cortes de gastos como condição para o recebimento das parcelas dos empréstimos do FMI e da União Europeia. No começo desta semana, parlamentares gregos aprovaram o quinto pacote de austeridade fiscal, que inclui cortes de salários e pensões, além de reformas no mercado de trabalho, assim como um orçamento apertado para o próximo ano. Na França, cinco sindicatos organizaram passeatas em mais de 100 cidades, mas não realizaram greves, segundo a agência de notícias Reuters. Na Bélgica, os manifestantes protestaram na capital Bruxelas fora das embaixadas da Alemanha, Espanha, Grécia, Chipre, Portugal e Irlanda. Eles entregaram uma carta a Laszlo Andor, o comissário da União Europeia para emprego, assuntos sociais e inclusão, parabenizando-o por ganhar o que eles chamaram de "Prêmio Nobel de Austeridade", disse a correspondente da BBC em Bruxelas, Maddy Savage. As manifestações e as greves atingiram muitas das linhas de trem de alta velocidade regularmente frequentadas por políticos, conselheiros e diplomatas por toda a União Europeia. Eurostar e o Thalys, que liga Bruxelas a Londres e Paris, foram particularmente afetadas, com atrasos e cancelamentos. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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