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Europeus e americanos defendem diplomacia na crise com Irã

Relatório foi divulgado na véspera da cúpula de ministros de Exteriores de Alemanha, França, Reino Unido, EUA, Rússia e China, prevista para esta quinta-feira

Por Agencia Estado
Atualização:

Uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira revela que 79% dos americanos e 84% dos europeus acreditam que os esforços diplomáticos para impedir que o Irã possa eventualmente adquirir armamento nuclear deveriam continuar. No entanto, o relatório internacional Transatlantic Trends 2006 indica que há divergências caso as medidas diplomáticas fracassem, já que "mais americanos (53%) que europeus (45%) apoiariam uma intervenção militar contra o Irã". O estudo é uma análise internacional sobre as opiniões em relação à política externa e às relações internacionais dos cidadãos dos Estados Unidos e da Europa. O relatório foi divulgado na véspera da cúpula de ministros de Assuntos Exteriores de Alemanha, França, Reino Unido, EUA, Rússia e China, prevista para esta quinta-feira em Berlim. As seis potências, que em junho elaboraram um conjunto de incentivos econômicos e nucleares para o Irã em troca da suspensão dos trabalhos mais delicados de seu programa nuclear, deverão iniciar as consultas sobre a possibilidade de ditar sanções contra a República Islâmica. O Irã fez caso omisso do ultimato do Conselho de Segurança das Nações Unidas que exigia a Teerã suspender seu programa de enriquecimento de urânio até 31 de agosto. O relatório indica que "americanos e europeus também concordam que a possível aquisição de armas nucleares pelo Irã representa uma ameaça maior que a contínua violência e a instabilidade no Iraque". O estudo ressalta que os cidadãos dos dois continentes chegam a um consenso e "percebem de maneira similar" as diferentes ameaças no mundo, que situam nesta ordem: "o terrorismo internacional, a (eventual) aquisição de armas nucleares pelo Irã e o fundamentalismo Islâmico". Além dos desafios e ameaças da agenda global, o estudo - cujas pesquisas foram feitas em junho nos EUA e em 12 países europeus - analisa as relações transatlânticas, a promoção da democracia e a União Européia. Entre as opiniões obtidas "persiste entre os cidadãos europeus uma visão negativa da gestão" do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, a que se soma, "pela primeira vez" em todas as edições da Transatlantic Trends, "a maioria dos americanos". Segundo o estudo, "nos EUA se defende uma forte liderança em assuntos internacionais", enquanto os cidadãos da UE desejam que a instituição "exerça uma forte liderança neste âmbito", mas com uma linha mais independente dos Estados Unidos. A pesquisa indica que os europeus apóiam a promoção da democracia em outros países como objetivo de política externa da UE. O estudo ressalta que esta questão divide republicanos, claramente a favor de que este seja um objetivo da política externa americana, e democratas, majoritariamente contra. No âmbito europeu, o apoio dos cidadãos à Otan diminuiu e há grandes divisões entre os países-membros sobre a necessidade de reforçar o poder militar da UE. Desde 2002, o Transatlantic Trends é realizado pela German Marshall Fund dos Estados Unidos e várias fundações européias.

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