24 de agosto de 2010 | 00h00
Líder do levante estudantil de 1968 em Paris e ligado ao Partido Verde, o político franco-alemão ainda afirmou que o uso do medo pelos governos pode desviar a atenção da incapacidade das administrações locais. Segundo ele, um bom exemplo disso seria o governo do primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi.
O deputado ainda expressou preocupação sobre a unificação europeia, afirmando que o continente está em uma encruzilhada entre uma nova nacionalização dos países - que poderia enfraquecer o bloco - e o aprofundamento definitivo da unidade continental.
"A Europa precisa decidir se é uma unidade ou não", afirmou Cohn-Bendit. "Se a resposta for sim, nesse caso todos somos responsáveis por todos." Para justificar sua percepção de que o continente está diante de um divisor de águas, o parlamentar comparou a Grécia à Califórnia, uma "tão falida" quanto a outra, mas com a diferença de que os Estados Unidos "jamais adotariam a posição de que não são responsáveis" pelo Estado.
Uniformidade regional. Para o político europeu, não há uma esquerda uniforme na América Latina. Cohn-Bendit analisou como "um perigo" o que ocorre na Venezuela - onde Hugo Chávez estaria dissolvendo as estruturas democráticas em nome de uma fixação antiamericana - e como "interessante" o caso do Uruguai, onde "um presidente eleito faz um processamento da experiência dos tupamaros".
Embora tenha feito distinções entre Chávez e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Cohn-Bendit criticou o governo brasileiro por optar pelo desenvolvimento econômico tradicional em vez do ecologicamente sustentável. "Esse processo implica a repetição no Brasil dos mesmos erros em termos sociais e ecológicos que se cometeram na Europa", comparou, prevendo que o confronto entre os dois modelos está apenas começando na América Latina.
QUEM É
Daniel Cohn-Bendit é um político franco-alemão membro do Parlamento Europeu. Ele participou das manifestações de estudantes em Paris, em 1968, e hoje integra o Partido Verde.
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