05 de outubro de 2012 | 03h06
As potências europeias querem aproveitar o momento de instabilidade econômica no Irã para fechar o cerco contra o governo de Mahmoud Ahmadinejad. Um projeto liderado por Grã-Bretanha, França e Alemanha pretende asfixiar a economia iraniana com uma nova rodada de sanções que, na prática, interditam o mercado financeiro internacional a Teerã completamente.
Na semana passada, a moeda iraniana - o rial - sofreu uma desvalorização de aproximadamente 40%, atingindo sua marca mais baixa em relação ao dólar. Em dois meses, a moeda perdeu 50% de seu valor.
O caos tomou conta do comércio e manifestantes foram às ruas. Em apenas um dia, o preço do leite teve aumento de quase 10% e a inflação está na marca dos 30% este ano. Ahmadinejad foi obrigado a conceder uma entrevista coletiva para afirmar que não havia motivo econômico para a queda do valor da moeda. Mas manteve policiais nas ruas diante dos confrontos entre comerciantes e autoridades.
O que os europeus querem agora é tirar proveito dessa situação e colocar pressão máxima sobre Teerã. Em uma reunião no dia 15, Berlim, Londres e Paris querem tapar todas as brechas que ainda possam existir para que o governo iraniano manobre sua moeda, suas finanças e seu comércio exterior.
Numa carta aos demais membros do bloco, as três potências afirmam que o Irã não tem dado sinal de colaboração para reduzir as suspeitas sobre seu programa nuclear. Teerã continua a sustentar a ideia de que seu projeto é para o uso pacífico, o que o Ocidente coloca em questão.
Os europeus querem impedir que a república islâmica consiga driblar as atuais sanções. Diplomatas admitem que o Banco Central iraniano ainda está sendo autorizado a fazer algumas transações, o que permitiria certa margem de manobra ao país persa.
O objetivo é também evitar qualquer movimentação do Irã para segurar o valor de sua moeda e reduzir ainda mais a capacidade de Teerã de manter seu comércio exterior com diversos parceiros.
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