Eurotúnel terá novo desafio após o Brexit

A rapidez no transporte e a livre circulação de mercadorias são chave para o intercâmbio comercial entre Reino Unido e União Europeia, cujo total chega a € 140 bilhões ao ano

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Por Redação
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FOLKESTONE, REINO UNIDO - John Keefe, diretor de comunicações do Eurotúnel, mostra um sinal luminoso informando que o tráfego entre Reino Unido e França é fluído e a frequência dos trens é de seis por hora. Estamos no terminal de Folkestone, no condado de Kent, no lado britânico da monumental obra que celebra 25 anos marcada pelos desafios do Brexit.

Os caminhões e os carros particulares passam pelos controles em um trâmite ágil e breve, antes de entrarem nos vagões que os levarão ao terminal de Coquelles, no distrito de francês de Calais. Cada trem de carga tem 800 metros e ocupa quase toda plataforma de um quilômetro.

Obra sob Canal da Mancha completa 25 anos Foto: Pascal Rossignol/Reuters

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“Há sempre muito trânsito. Este é o vagão que leva os motoristas dos caminhões para o outro lado. Se há alguma emergência ou problema com o trem, temos os motoristas e os caminhões na mesma composição. Leva 35 minutos para fazer o trajeto de 50 quilômetros, 39 deles sob o mar”, disse Keefe.

“Cruzar o Canal (da Mancha) nos trens é como levar um carro pela rodovia. Não há controles, nem alfândega”, afirmou Keefe.

Também não há filas nem atrasos, apesar de diariamente passarem pelo túnel em cada direção entre 3 mil e 3,5 mil caminhões e entre 12 mil e 14 mil veículos particulares. A rapidez no transporte e a livre circulação de mercadorias são chave para o intercâmbio comercial entre Reino Unido e União Europeia, cujo total chega a € 140 bilhões ao ano.

Quando o Brexit chegar, o objetivo é manter a fronteira “o mais aberta possível”, isto é, não deter o trânsito. Assim que os veículos chegam a Folkstone, começa o processo criado para manter essa fluidez. “Se registra a entrada e a saída dos documentos e o caminhão passa. O objetivo é que esse processo dure entre 20 ou 30 segundos por parada. A fase seguinte é de controle alfandegário”, explica o diretor de comunicações.

O mercado britânico, lembra Keefe, importa anualmente da Alemanha automóveis no valor de € 20 bilhões; produtos farmacêuticos e médicos da Holanda em um montante de € 5 bilhões; e bebidas francesas por mais de € 2 bilhões. O Brexit obrigará o bloco europeu a proteger a integridade do mercado único. O trânsito adquirirá uma nova dimensão. Tudo lembrará os tempos passados, mas com meios digitais. 

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“Será necessário trocar as informações alfandegárias com as autoridades. Para isso, construímos novas instalações. Primeiro, faremos os controles de segurança prévios à entrada dos caminhões, que já fazemos atualmente, e pediremos ao motorista os papéis de aduana preenchidos e com os códigos de barras apropriados, que serão escaneados e enviados às autoridades alfandegárias da França”, explicou Keefe. “Hoje em dia, não sabemos o que há dentro dos caminhões, pois não faz parte de nosso trabalho.”

Mas, no futuro, as autoridades aduaneiras precisarão saber o que há dentro de cada caminhão e elas decidirão se será necessário examiná-lo ou se um acompanhamento online durante o trajeto pelo túnel será suficiente. 

“O uso de processos de captação de dados eletrônicos por antecipação significa que não teremos de parar os caminhões por um longo período. Depois, o controle dos conteúdos pode ser feito durante o trajeto, quando o caminhão está em movimento”, explicou Keefe. “Se ele tiver de ser interceptado, as autoridades aduaneiras na França poderão fazê-lo, pois têm um local para separá-lo. Luz verde, ele segue direto para a rodovia. Luz laranja, ele sai da fila e encosta para o controle.” / EFE

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