PUBLICIDADE

Evento no Brasil terá presença de Putin e ucraniano

Chegada de líderes rivais para final da Copa do Mundo e reunião de cúpula dos Brics causa constrangimento para a diplomacia brasileira

Por Lisandra Paraguassu e Tania Monteiro
Atualização:

BRASÍLIA - A mais recente crise europeia aterrissará no Brasil amanhã. O governo brasileiro recebeu, no início da noite de ontem, a confirmação de que o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, estará presente na final da Copa do Mundo, no Rio de Janeiro. Ao lado do presidente da Rússia, Vladimir Putin. Os dois são, neste momento, inimigos declarados. Mas devem comparecer a um coquetel e a um almoço no Palácio da Guanabara e, de lá, seguirão para a tribuna de honra do Maracanã para assistir ao jogo entre Argentina e Alemanha. A vinda de Putin já estava acertada havia alguns meses. Além da final da Copa, o presidente russo fará uma visita de Estado ao Brasil e participará da Cúpula dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), em Fortaleza. Os chefes de Estado do bloco de países emergentes se reunirão na capital do Ceará na terça-feira. A confirmação da presença de Poroshenko veio apenas ontem. No Brasil, os dois presidentes terão de sentar-se à mesma mesa no almoço no Palácio da Guanabara. Também ficarão juntos no coquetel oferecido pela presidente Dilma Rousseff no mesmo local. E ainda serão transportados pelo governo brasileiro para o Maracanã. O cerimonial do Itamaraty terá trabalho dobrado para evitar maiores constrangimentos - como colocar lado a lado os desafetos ou transportá-los no mesmo carro para o Maracanã. Fontes do governo reconhecem que a situação é incômoda, mas lembram que todos os presidentes foram convidados por Dilma para a Copa do Mundo e serão bem-vindos. Não há dúvidas de que ambos os presidentes sabem da presença um do outro e não serão surpreendidos. A presença de pelo menos outros oito chefes de Estado, além da própria presidente, deve reduzir o risco de situações desagradáveis. Além de Putin e Poroshenko, estarão presentes a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente da Alemanha, Joachim Gauck, além do primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban; o presidente do Gabão, Ali Bongo Ondimba; o primeiro-ministro de Trinidad e Tobago, Kamla Persad-Bissessar; o presidente da Namíbia, Hifikepunye Pohamba; e o primeiro-ministro de Antígua e Barbuda, Gaston Browne. Rússia e Ucrânia estão em crise desde fevereiro deste ano. O então presidente, Viktor Yanukovich, pró-Rússia, foi deposto depois de uma série de manifestações, justamente por ter optado por um acordo comercial com os russos em detrimento de uma associação com a UE. Em seguida, alegando que precisava proteger a população russa que vivia na região ucraniana da Crimeia, Putin apoiou milícias russas que atuam na região. O governo russo respaldou um referendo para que os habitantes da Crimeia definissem se queriam continuar na Ucrânia ou serem uma região autônoma russa. O resultado foi 91% em favor da anexação, mas a União Europeia e os Estados Unidos questionaram sua validade, adotando sanções contra a Rússia. Desde então, o governo da Ucrânia luta contra separatistas, em outras regiões do leste do país, que também querem ser anexadas pela Rússia. O governo ucraniano acusa os russos de insuflarem e financiarem os movimentos.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.