
24 de fevereiro de 2016 | 10h04
LA PAZ - O presidente da Bolívia, Evo Morales, perdeu o referendo que perguntava se poderia mudar a Constituição para concorrer a um quarto mandato, confirmou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) da Bolívia na terça-feira 23.
"O 'Não' se impôs com 51,31% dos votos contra 48,69% do 'Sim', com 99,49% das urnas apuradas", afirmou a presidente do TSE, Katia Uriona, em um relatório apresentado durante a noite de terça. Ela destacou que a instituição respondeu ao compromisso assumido e avançou "no fortalecimento da democracia" ao ratificar na verificação dos votos a decisão tomada pelos bolivianos na consulta de domingo.
Visão global: Cenário desfavorável para Evo
O triunfo apertado do "Não" sobre o "Sim" é uma rejeição à proposta do governo de modificar um artigo da Constituição para ampliar o número de mandatos presidenciais consecutivos permitidos, dos atuais dois para três.
Evo e o vice-presidente Álvaro García Linera haviam pedido apoio à proposta com a intenção de concorrerem outra vez na eleição de 2019 para buscar um quarto mandato consecutivo até 2025. Os dois governam a Bolívia desde 22 de janeiro de 2006, assumiram seu segundo mandato em 2010 e o terceiro em 2015.
Mesmo contando com o apoio sólido dos que creditam a ele a redução acentuada da pobreza no país, Evo acabou pagando o preço das acusações de corrupção e de favorecimento que assombraram seu partido socialista, e também pelo temor de que a manobra do referendo fosse anti-democrática.
A dupla presidencial pôde concorrer em 2014 graças a uma decisão do Tribunal Constitucional que decidiu que seu primeiro mandato (2006-2010) não contava porque o país foi refundado como Estado Plurinacional em 2009.
Esse desfecho parecia provável desde as primeiras pesquisas de boca de urna de domingo, mas até a tarde da terça-feira, os governantes acreditavam em uma virada do "Sim" na apuração com os votos da população camponesa e indígena e do exterior - os últimos a ser computados. Evo é o primeiro presidente indígena do país.
Evo, cujo terceiro mandato será concluído em janeiro de 2020, havia antecipado que se o "Não" vencesse, seu partido, o Movimento Ao Socialismo (MAS), concorreria no pleito de 2019 com outros candidatos. /EFE e REUTERS
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