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Evo exalta avanço em reduto opositor e rival acusa Justiça de parcialidade

Bolívia. Presidente candidato à reeleição para um terceiro mandato tem 59% das intenções de voto, segundo as últimas pesquisas, ante 18% do segundo colocado, Samuel Doria Medina; atos de encerramento da campanha oficialista foram realizados ontem

Por Murillo Ferrari , SANTA CRUZ DE LA SIERRA e BOLÍVIA
Atualização:

No último dia de campanha para as eleições presidenciais de domingo, o presidente boliviano, Evo Morales, foi recebido por multidões em seus dois comícios de despedida, no Departamento (Estado) de Tarija e em Santa Cruz de la Sierra. Favorito disparado à reeleição, de acordo com as pesquisas, Evo saudou os ativistas de seus partidos pela liderança em oito das nove regiões do país.

O presidente da Bolívia, Evo Morales Foto: Javier Mamani

"Essa concentração tão grande de pessoas aqui no Chaco de Tarija me surpreendeu e me deixou muito feliz. Nos meus primeiros comícios aqui, nas primeiras campanhas, não tínhamos mais de 150 ou 200 companheiros e hoje somos milhares", disse.

Evo, candidato pelo partido Movimento ao Socialismo (MAS), disse que os esforços dos eleitores em todo o país serão recompensados depois que ele vencer a eleição e seu partido conquistar a maioria do Congresso no domingo.

O presidente também defendeu as nacionalizações feitas por seu governo e voltou a prometer que transformará a Bolívia em centro energético do continente, "vendendo gás e energia para nossos vizinhos". Para isso, o presidente prometeu investimentos em novas plantas de geração e processamento de energia em todo o país.

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A insistência de Evo no assunto não é por acaso, afirmou ao

Estado

o cientista político Carlos Cordero, da Universidade Maior de San Andrés e da Universidade Católica Boliviana. "Está é, possivelmente, a proposta eleitoral mais importante da campanha de Evo", diz. "O problema é que até o momento o presidente não deu detalhes de como a criação de novas hidrelétricas e usinas de processamento de gás - necessárias para pôr o plano em prática - será feita."

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Ainda segundo o analista, o governo boliviano possui reservas no país e no exterior que podem ser utilizadas para essas obras, "mas um projeto dessa magnitude demanda planejamento e concorrência".

Marcado para o Parque Cambódromo, em Santa Cruz - região que, como Tarija compõe a chamada Meia-Lua, tradicional reduto da oposição boliviana - o comício reuniria cerca de 80 mil pessoas, segundo organizadores do evento.

Oposição.

Ontem, O candidato da Unidade Democrática (UD), Samuel Doria Medina, evitou criticar diretamente o presidente, mas não poupou o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) da Bolívia. Em entrevista à emissora CNN, Doria Medina criticou a atuação da corte durante o processo eleitoral. "Não foi um árbitro imparcial", afirmou o candidato que aparece na segunda colocação nas pesquisas de intenção de voto.

Doria Medina aproveitou a entrevista para prometer que, se eleito, "fortalecerá as relações da Bolívia com os outros países democráticos" e "combaterá o narcotráfico, com a identificação de quem produz coca para o consumo tradicional e para a fabricação de drogas".

Na noite anterior, durante o último comício na capital do país, Doria Medina se mostrou confiante e - citando o exemplo das eleições brasileiras de domingo - questionou as pesquisas de intenção de voto, garantindo que vencerá Evo nos Departamentos de Beni, Pando e Santa Cruz. "Com o encerramento de campanha que temos feito, podemos dizer que teremos excelentes resultados no sul do país", afirmou o candidato. "Evo vai aprender a lição mais importante da sua vida."

Dificuldades.

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O TSE boliviano também esteve ontem no centro de pelo menos outras duas polemicas. No primeiro caso, respondendo a uma denúncia de opositores sobre a possibilidade de fraude, o organismo informou que identificou pelo menos 20 mil pessoas que já morreram - ou cujo nome aparece mais de uma vez no sistema eleitoral - habilitadas para votar no domingo. O TSE prometeu emitir uma lista com todos os nomes para que esses votos não sejam considerados.

O segundo problema diz respeito ao documento a ser usado no dia da votação. Inicialmente, apenas documentos em vigência seriam aceitos. Mas ante às dificuldades para a emissão de novos documentos, a presidente do TSE, Wilma Velazco, garantiu que documentos vencidos também serão aceitos.

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