Evo Morales muda comando militar em meio a protestos

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Por Agencia Estado
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Com a promessa de lutar contra a corrupção nas forças armadas, o recém-empossado presidente boliviano Evo Morales substituiu alguns dos principais comandantes militares do país em uma cerimônia marcada por gritos de protesto contra a decisão. Para os manifestantes, os comandantes nomeados por Morales seriam inaptos para assumir as funções para às quais foram indicados. A troca do comando militar é interpretada como uma manobra do novo presidente para enfraquecer militares suspeitos de cumplicidade em um recente escândalo envolvendo a destruição de mísseis bolivianos. Dias antes da posse de Morales, o comandante do Exército boliviano, General Eduardo Rodriguez, e o ministro da Defesa do país, Gonzalo Mendes, foram afastados de seus cargos após Rodriguez enviar 28 mísseis do exército boliviano para serem destruídos nos EUA. Os críticos das substituições, no entanto, alegam que o general escolhido pelo presidente para comandar as forças armadas não possui a patente necessária para exercer o cargo. Alguns oficiais ficaram enfurecidos com a notícia de que perderiam seus postos. "O que eles estão fazendo comigo?", gritou um dos generais depostos. Sua filha, que também acompanhava a cerimônia, reforçou o coro: "Injustiça! Injustiça!" Durante a campanha, Morales argumentou que a decisão dos militares de enviar os mísseis chineses para os EUA era ilegal, pois não teria sido autorizada pelo congresso. Ele prometeu investigar o caso. "É lamentável que alguns generais tenham que ser submetidos a uma rigorosa investigação", disse. "É importante reforçar nossas forças armadas porque um país sem exército não é livre nem soberano", completou. Estados Unidos O escândalo dos mísseis vem a público em um momento delicado para os EUA. O país tenta melhorar suas difíceis relações com o esquerdista Morales, um freqüente crítico das políticas econômicas e anti-drogas americanas. Na semana passada o Departamento de Estado americano informou estar "comprometido" com o pedido boliviano para "armazenar equipamentos militares vencidos". Atualmente os EUA travam uma campanha para livrar a América Latina de armas portáteis que poderiam ser usadas por terroristas. Ao demitir os comandantes nesta terça-feira, Morales pediu a cooperação nas investigações, e disse que ele apenas procura pelos responsáveis diretos pelo envio dos mísseis. O presidente também nomeou os novos chefes do exército, marinha, aeronáutica e polícia.

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