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Evo Morales pede descriminalização da folha de coca na Bolívia

Na ONU, presidente boliviano pressionou Comissão de Entorpecentes a corrigir 'erro histórico'

Atualização:

VIENA - Com uma folha de coca na mão, o presidente da Bolívia, Evo Morales, defendeu nesta segunda-feira, 12, no plenário da Comissão de Entorpecentes da Organização das Nações Unidas (ONU), em Viena, a reparação de "um erro histórico" para descriminalizar a planta em seu país para usos tradicionais e medicinais.

 

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"Peço a todas as instituições, a todos os países, que reparem um dano histórico", declarou Morales sobre a inclusão da folha de coca na lista de substâncias sob controle internacional na convenção antidrogas de 1961. "Não há nenhum dado no mundo que prove que esta folha de coca tenha feito dano à saúde nem ao ser humano", ressaltou ele em discurso de meia hora que acabou com aplausos de numerosas delegações.

 

O líder boliviano inclusive mostrou no plenário uma ampla gama de produtos fabricados com folha de coca, como geleia, chá, refrescos, e até mesmo um licor elaborado na Holanda. "Os produtores da folha de coca não são narcotraficantes, os consumidores não são dependentes", comentou Morales, explicando que se recuperou recentemente de uma dor no estômago graças ao chá de coca.

 

Morales também destacou em seu discurso os avanços realizados em seu mandato na luta contra o narcotráfico e o próprio compromisso dos cultivadores de folha de coca em racionalizar suas colheitas. "Na Bolívia não haverá livre cultivo de coca, mas também não abriremos mão dela", frisou.

 

A Bolívia decidiu em junho do ano passado retirar-se da Convenção Única sobre Entorpecentes da ONU, argumentando que esta veta a mastigação da folha de coca, já que classifica essa planta como entorpecente e a submete ao controle internacional. No mesmo dia da entrada em vigor da medida, em 1º de janeiro deste ano, La Paz voltou a solicitar sua adesão à Convenção, mas com uma reserva sobre a proibição do uso da folha de coca na Bolívia para fins tradicionais.

 

Os 184 países que fazem parte da Convenção Única sobre Entorpecentes têm um ano de prazo, até janeiro de 2013, para decidir sobre a readmissão da Bolívia, que deve ser submetida à votação no Conselho Econômico e Social da ONU. Se um terço das nações rejeitarem a reserva, o país andino não recuperará sua condição de membro da Convenção.

 

Com 31 mil hectares cultivados, a Bolívia é o terceiro produtor de folha de coca do mundo, atrás de Colômbia e Peru. Do total, 12 mil hectares são legalizados e sua produção está destinada a usos tradicionais. 

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