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Evo Morales retorna à Bolívia quase um ano após renúncia

Após exílio na Argentina, ex-presidente atravessou a fronteira entre os países acompanhado de Alberto Fernández nesta segunda-feira, 9. Multidão de apoiadores acompanhou regresso

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Por Redação
Atualização:

O ex-presidente da Bolívia Evo Morales retornou ao País nesta segunda-feira, 9, quase um ano após renunciar à presidência e se exilar na Argentina. Acompanhado do presidente argentino, Alberto Fernández, ele atravessou a fronteira entre os países a pé e foi recebido por uma multidão de apoiadores. 

Evo Morales é recebido por multidão em Villazón, na fronteira entre Bolívia e Argentina Foto: Ronaldo SCHEMIDT / AFP

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"Não tinha dúvidas de que voltaria, não sabia que seria tão cedo", disse Morales enquanto percorria pela cidade de La Quiaca, localizada na província argentina de Jujuy, minutos antes de cruzar para solo boliviano. "Parte da minha vida fica na Argentina depois de passar 11 meses", acrescentou, agradecendo ao presidente argentino que, segundo ele, "salvou sua vida".

Na cidade fronteiriça de Villazón, o líder indígena vai liderar uma caravana que percorrerá 1.100 km até quarta-feira, 11, quando pretende chegar à região de Cochabamba, onde fez carreira política. A viagem de três dias é carregada de simbolismo, uma vez que o ex-presidente de 61 anos volta para seu país um dia depois da posse de seu herdeiro político Luis Arce e horas antes de se completar um ano do dia de sua renúncia.

Apesar do vento gelado em Villazón, centenas de pessoas, muitos indígenas, esperaram desde a madrugada pelo "pai da Bolívia", vestidos com seus típicos trajes coloridos, agitando cartazes e muitas bandeiras, especialmente a wiphala, consagrada como símbolo oficial da Bolívia durante o mandato de Evo Morales.

Evo Morales é acompanhado pelo presidente argentino Alberto Fernández à Bolívia. Foto: Argentinian Presidency / AFP

"Estamos felizes. Ele é como nosso pai, o pai de toda essa gente humilde", comentou entusiasmada Alejandra Choque, uma dona de casa de 56 anos.

Muitos moradores locais continuaram com seu dia normal. "Tenho que abrir meu negócio. A pandemia e o fechamento das fronteiras estão me matando. Não posso ir ver o Evo, ele não vai me dar dinheiro", disse Miriam Franco, uma açougueira de 49 anos.

Ainda nesta segunda, a caravana de Morales passará por vários municípios do sul, no departamento de Potosí. Amanhã, cruzará Orinoca (departamento de Oruro) e vai culminar na quarta-feira em Chimoré, no Trópico de Cochabamba. A ideia de Morales é chegar ao local no mesmo dia em que deixou o país há um ano. 

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Renúncia

Morales renunciou à presidência em 10 de novembro de 2019, após perder o apoio das Forças Armadas. No dia seguinte, viajou para o México e, semanas depois, em dezembro, refugiou-se na Argentina.

Foi no Trópico de Cochabamba que ele despontou como líder dos "cocaleros", na década de 1980. Nessas áreas rurais, há muitos grafites com a frase "Volte Evo" nas fachadas das casas de tijolos e adobe.

A Bolívia é um dos países da América Latina com a maior população indígena, correspondente a 41% de seus 11,5 milhões de habitantes. Destes, 34,6% vivem na pobreza, e 12,9%, na pobreza extrema.

Em um contexto agravado pela pandemia de coronavírus, muitos querem que se repita o "milagre econômico" da gestão de Morales, quando Arce era ministro da Economia: alto crescimento e redução da pobreza (de 60% para 37,2%)./AFP

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