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Evo obtém 37% de apoio em primárias boicotadas pela oposição na Bolívia

Com entre 80% e 90% dos votos computados, o governista Movimento ao Socialismo (MAS) foi o partido com maior participação enquanto que entre as oito forças opositoras votação não chegou a 8%

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Por Redação
Atualização:

LA PAZ - O presidente boliviano, Evo Morales, obteve no domingo o apoio de pouco mais de 37% de seus militantes nas primárias realizadas pela primeira vez na Bolívia, enquanto que os candidatos opositores, que pediram a seus seguidores que boicotassem esta votação, receberam porcentagens inferiores a 8%.

Com entre 80% e 90% dos votos computados, o governista Movimento ao Socialismo (MAS) de Evo foi o partido com maior participação, enquanto entre as oito forças opositoras, o apoio foi de entre 3,33% do PAN-BOL aos 7,4% do MNR.

Evo vota em Villa Turani, no centro da Bolívia, nas primárias para as eleições presidenciais Foto: EFE/ABI

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Os principais líderes opositores atingiram porcentagens em torno de 5%, como o ex-presidente boliviano Carlos Mesa (5,3%) e o senador Óscar Ortiz (5,6%), mas alguns tiveram até menos, como os 4,3% do ex-vice-presidente Víctor Hugo Cárdenas e os 3,9% do também ex-presidente Jaime Paz Zamora.

O governo considerou positivo o resultado das primárias, enquanto que a oposição falou em fracasso em razão da baixa participação geral e do baixo apoio obtido por Evo.

O ministro de Comunicação Manuel Canelas disse que em La Paz "não triunfaram alguns esforços de sabotar a eleição e não permitir o livre desenrolar do processo" por parte de coletivos que consideram ilegal a candidatura de Evo.

"É um resultado bem bom" disse Canelas, que colocou em perspectiva os números já que foi a primeira vez que o processo foi realizado no país.

A análise da oposição, no entanto, foi bem diferente já que seus principais líderes qualificaram as primárias como um fracasso. "(A votação) foi um fiasco", escreveu Mesa, candidato da aliança Comunidad Ciudadana e um dos mais votados no campo opositor, no Twitter.

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Mesa afirmou ainda que quase 70% dos militantes do MAS "disseram NÃO a Evo Morales, que não pode se legitimar nem com seus próprios eleitores". "Nossa decisão de não votar foi seguida por 95% de nossos inscritos", completou o político sobre o boicote anunciado por sua candidatura.

Ortiz, candidato de Bolívia Dice No, também afirmou que o desempenho do presidente boliviano foi um "fracasso". "O MAS tem menos de 40% dos votos. Evo Morales foi deslegitimado por sua própria militância. (Ele) deveria renunciar a sua candidatura", escreveu na rede social.

Cárdenas, da Unidad Cívica Solidaridad, chamou de "humilhante derrota de Evo" o resultado do presidente e disse que os números eram um "réquiem ao MASismo e ao Evismo".

Manifestantes protestam do lado de fora do Supremo Tribunal Eleitoral, em La Paz, contra a controvertida candidatura de Evo à presidência Foto: AP Photo/Juan Karita

Para as primárias foram convocados 1.715.880 militantes de nove organizações políticas e alianças e os resultados definitivos podem demorar entre dois e três dias.

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Esta votação para que os militantes se pronunciassem sobre os candidatos de seus partidos contava só com o apoio do oficialismo, que a defende como um exercício de democracia interna nas organizações políticas.

No entanto, a oposição denuncia que é uma despesa inútil, de cerca de US$ 3,9 milhões, porque os militantes só podem votar em uma candidatura de seu partido, sem alternativas, e uma tentativa do oficialismo de legitimar uma candidatura à reeleição de Morales, que consideram ilegal.

O órgão eleitoral habilitou a candidatura de Morales para um quarto mandato graças a uma decisão do Tribunal Constitucional da Bolívia, que estabeleceu o direito à reeleição indefinida.

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A oposição argumenta que deve prevalecer a Constituição do país, que limita a dois os mandatos consecutivos, e um referendo que negou a Morales a possibilidade de eliminar esse limite.

O Tribunal Constitucional já aprovou, na prática, um terceiro mandato a Evo Morales, no poder desde 2006, ao entender que o primeiro não contava porque em 2009 a Bolívia passou de República a Estado Plurinacional. / EFE

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