WASHINGTON - Michael Cohen, ex-advogado do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não aceitaria um perdão presidencial, disse seu defensor, Lanny Davis, nesta quarta-feira, 22, um dia depois de Cohen se declarar culpado de oito acusações criminais e dizer ter agido sob orientação de Trump.
Em uma série de entrevistas para emissoras americanas, Davis disse que o ex-advogado de longa data de Trump não quer ter nenhuma ligação com o que vê como um abuso do poder de clemência por Trump.
"Sei que Cohen nunca aceitaria o perdão de um homem que ele considera ser uma pessoa corrupta e perigosa ocupando o Salão Oval", disse o advogado. "Ele me autorizou expressamente a dizer que sob nenhuma circunstância aceitaria o perdão de Trump."
Em várias das entrevistas, Davis - um democrata que foi conselheiro especial do ex-presidente Bill Clinton e apoiou Hillary Clinton em 2016 - destacou que a desilusão de Cohen com Trump cresceu depois que ele viu a relação amistosa do presidente americano com o presidente russo, Vladimir Putin, no encontro dos dois em julho, na Finlândia.
"Ele certamente passou a considerar Donald Trump inadequado para ocupar o cargo de presidente depois de Helsinque", disse Davis no programa "Today" da NBC. "Ele se preocupa com o futuro do nosso país nas mãos de alguém alinhado a Putin"
O advogado também comentou sobre os supostos pagamentos a mulheres que Cohen diz ter feito para proteger a campanha presidencial de Trump, em 2016. "Não há dúvida de que Trump cometeu um crime", afirmou Davis ao "Morning Joe.", da ABC.
"Donald Trump é culpado de um crime. O presidente dos Estados Unidos ser culpado de um crime é algo que vai muito além das infrações que normalmente são consideradas passíveis de impeachment", sugeriu o advogado à NPR.
Depoimento sobre casos
Pouco depois, Davis afirmou à CNN que Cohen provavelmente aceitaria depor ao Congresso americano mesmo sem ter garantia de imunidade, apesar de ainda não ter discutido essa possibilidade com seu cliente. Na terça-feira, líderes da Comissão de Inteligência do Senado mostraram interesse em ouvir o ex-advogado de Trump.
Davis disse acreditar que Cohen tem informações que seriam de interesse do procurador especial, Robert Mueller, e na entrevista que concedeu à MSNBC insinuou estarem diretamente ligadas às tentativas russas de interferir na votação de 2016.
Já ao programa "The Rachel Maddow Show", também da MSNBC, o advogado sugeriu que seu cliente "tem conhecimento sobre o crime de invasão dos computadores (da campanha de Hillary, em 2016) e sobre se Trump sabia ou não na época do ocorrido".
Davis também discutiu essa questão com o jornal The Washington Post. "Sei que todos estão interessados na mesma pergunta: o que Cohen sabe e o quanto isso pode ser prejudicial para Trump".
Durante a rodada de entrevistas, o advogado admitiu que estava escolhendo sua palavras cuidadosamente ao tratar destas questões.
"Eu disse que é minha observação que o Sr. Cohen tem conhecimento de coisas que seriam de interesse para o promotor especial sobre se Donald Trump sabia da invasão dos e-mails, crime que motivou o indiciamento dos 12 russos", disse Davis na CNN.
"Veremos se ele é capaz de falar sobre (esta questão) com base no que ele sabe do assunto quando e se ele discutir isso com o procurador especial." / WASHINGTON POST e REUTERS