Ex-agente soviético esteve em reunião de Trump Jr. e advogada russa, diz TV 

NBC afirma que ex-agente negou qualquer laço atual com agências de espionagem da Rússia, mas serviu às Forças Armadas soviéticas; ele emigrou aos Estados Unidos e tem dupla cidadania.

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Por Redação
Atualização:

WASHINGTON - Uma reunião entre Donald Trump Jr. e uma advogada russa ocorrida em junho de 2016 também contou com a presença de um lobista russo-americano que foi um agente soviético de contrainteligência, noticiou a rede de televisão NBC News nesta sexta-feira, 14.

A NBC News não identificou o ex-agente, que o canal disse ter negado qualquer laço atual com agências de espionagem da Rússia, mas serviu às Forças Armadas soviéticas. Ele emigrou aos Estados Unidos e tem dupla cidadania.

A advogada é conhecida por ter diversosclientes do establishment político russoe atuou nos EUA contra a Lei Magnistski, em 2012, que punia russos acusados de abuso de direitos humanos com congelamento de ativos Foto: AFP PHOTO / Kommersant Photo / Yury MARTYANOV

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Nesta semana, Washington se concentrou nos e-mails divulgados pelo filho mais velho do presidente Donald Trump, que mostram que ele se encontrou com uma advogada russa durante a campanha presidencial de 2016 depois de ser informado de que ela poderia ter informações prejudiciais à candidata democrata Hillary Clinton.

A revelação sobre o encontro seria o indício mais tangível até o momento de uma conexão entre a campanha de Trump e a Rússia, uma questão que também deu ensejo a uma investigação de um conselheiro federal especial.

A NBC disse que o lobista acompanhou a advogada, Natalia Veselnitskaya, à reunião na Trump Tower de Manhattan com Donald Trump Jr., o genro do presidente, Jared Kushner, e seu ex-gerente de campanha Paul Manafort.

Em uma entrevista exclusiva, Natalia admitiu que estava acompanhada por ao menos mais um homem, que não quis identificar, segundo o canal.

A NBC News disse que representantes de Kushner e Manafort não quiseram comentar, mas um advogado de Donald Trump Jr. disse que ele conversou com o lobista.

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O advogado Alan Futerfas disse que o homem foi descrito como um amigo de Emin Agalarov, um astro pop russo que é cliente de Rob Goldstone, um empresário musical que arranjou o encontro, e possivelmente de Natalia, segundo a NBC.

Futerfas disse que conversou com o indivíduo que foi à reunião com a advogada: "Ele é um cidadão dos EUA. Ele me disse especificamente que não está trabalhando para o governo russo e, na verdade, riu quando lhe fiz essa pergunta".

Futerfas afirmou à NBC que, "por motivos de segurança ou outros, os nomes foram analisados", mas Trump Jr. não sabia nada sobre o passado do lobista na ocasião do encontro.

A NBC disse que Natalia negou ter qualquer conexão com o Kremlin e insistiu que a reunião teve por objetivo debater sanções dos EUA contra a Rússia, não a campanha presidencial.

Na quarta-feira Trump afirmou à agência Reuters que não soube da reunião de seu filho até recentemente, mas em uma conversa com repórteres mais tarde no mesmo dia, disse: "Na verdade, talvez (a reunião) tenha sido mencionada em algum momento", acrescentando que não lhe disseram ser sobre Hillary.

Conexões. O Kremlin negou conhecer o ex-agente. "Não sabemos nada", disse o porta-voz da presidência russa, Dimitri Peskov, questionado sobre se no Kremlin conhecem a pessoa que segundo a TV também esteve na polêmica reunião do ano passado.

Ainda que a NBC não tenha dado o nome do suposto ex-agente, alguns meios em Moscou perguntaram a Peskov se tratava-se de Rinat Ajmetshin, um "lobista" estabelecido em Washington que se dedica a assessorar e ajudar oligarcas russos.

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Em declarações à revista Politico em novembro, Ajmetshin reconheceu ser um oficial aposentado da contraespionagem soviética, mas assegurou que já não tinha relação com Moscou.

Investigações jornalísticas nos Estados Unidos identificaram Ajmetshin como o homem que tratou de impedir a aprovação no Congresso da Ata Magnitski, uma lei que impõe sanções contra funcionários russos supostamente envolvidos na morte, em prisão, em 2009, do advogado Serguei Magnitski.

Aparentemente, Ajmetshin tentou demonstrar que Magnitski - preso por evasão de impostos, após denunciar uma trama de corrupção nas altas esferas políticas da Rússia - era realmente culpado e também ajudou empresários russos a recuperar seus ativos congelados nos Estados Unidos. / REUTERS e EFE 

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