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Ex-assessor de Cheney é condenado por obstrução da Justiça

Lewis Libby renunciou ao cargo depois de ser acusado de mentir a investigadores que tentavam identificar quem vazou à imprensa nome de ex-espiã da CIA

Por Agencia Estado
Atualização:

O ex-assessor da Casa Branca Lewis "Scooter" Libby foi condenado nesta terça-feira, 6, por obstrução da justiça, perjúrio e por mentir para o FBI. Ex-chefe de gabinete do vice-presidente americano, Dick Cheney, ele está no centro de uma investigação sobre o vazamento da identidade da ex-agente da CIA (agência central de inteligência americana) Valerie Plame. Libby renunciou ao cargo no final de 2005, quando foi acusado de mentir aos investigadores federais que tentavam identificar quem vazou à imprensa o nome da ex-espiã. A apuração do caso indica que a revelação da identidade de Plame foi uma retaliação visando atingir o marido dela, um diplomata americano que contestou as alegações do governo americano de que o Iraque estaria produzindo armas de destruição em massa. Os Estados Unidos usaram a informação para justificar a guerra do Iraque. O assessor de Cheney é o mais alto membro da Casa Branca considerado culpado em uma ação criminal desde o escândalo Irã-Contras, em meados dos anos 1980. A sentença desperta nova atenção sobre a maneira como a administração de George W. Bush manuseou as informações sobre a suposta existência de armas de destruição em massa no Iraque. Libby, que já foi o funcionário mais próximo de Cheney e conselheiro de Bush, escapou de apenas uma das cinco acusações que pesavam contra ele. O veredicto foi lido no décimo dia de deliberações, e prevê mais de 30 anos de prisão para o ex-assessor de Cheney. Ainda assim, sob as diretrizes dos tribunais federais, ele deverá permanecer encarcerado por bem menos tempo - de um ano e meio a três, segundo o Washington Post. Durante a leitura da decisão, feito em um tom solene por uma das juradas, Libby não esboçou reação. Sua mulher, entretanto, caiu em lágrimas. Imbróglio O vazamento que deu origem ao caso aconteceu pouco depois de o marido de Plame, o ex-embaixador Joseph Wilson, publicar um artigo no jornal The New York Times no qual acusava a Casa Branca de usar motivos falsos para justificar a invasão do Iraque, em março de 2003. O promotor Patrick Fitzgerald alega que Libby soube da identidade de Plame através de Cheney e de outros funcionários, em junho de 2003, e depois passou a informação a jornalistas. Ainda assim, Fitzgerald não acusou ninguém de identificar intencionalmente Plame, revelação considerada crime nos EUA. Os advogados do ex-alto funcionário da Casa Branca afirmaram durante todo o julgamento que seu cliente se tornou um bode expiatório e que não mentiu intencionalmente em seus depoimentos. Segundo a defesa, as contradições nos depoimentos de Libby se devem a um problema de memória do ex-assessor. Críticas Críticos do presidente Bush tomaram o julgamento de Libby como uma forma de mostrar como a administração construiu e defendeu sua entrada na guerra sem possuir provas consistentes que justificassem a ação. "Já era tempo de alguém na administração Bush ser responsabilizado pela campanha de manipulação da inteligência e de desacreditar críticos da guerra", disse o líder democrata no Senado, Harry Reid, após o veredicto ter sido anunciado.

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