30 de novembro de 2012 | 20h19
Samir Morkos foi assessor de Mursi para a transição democrática, e era o único cristão na equipe do líder islâmico.
Além dele, pelo menos mais um assessor presidencial deixou o governo depois do decreto de 22 de novembro, que blindava Mursi de qualquer contestação judicial às suas decisões.
Adversários do presidente viram no decreto uma forma de abuso contra a nascente democracia egípcia.
Morkos só soube dos detalhes do decreto ao ouvir sua leitura pela TV, disse nesta semana o jornal árabe Asharq al Awsat, editado em Londres.
Sem esperar que Mursi aprovasse sua demissão, Morkos aderiu à Frente de Salvação Nacional, e "agora está sentado ao meu lado numa reunião", disse o líder oposicionista Ahmed Saed à Reuters.
Morkos não atendeu a telefonemas para comentar o assunto.
A Frente tem liderado as convocações de protestos contra o decreto, e dezenas de milhares de pessoas se reuniram na sexta-feira para uma manifestação na praça Tahrir, no Cairo, tradicional ponto de protestos nos últimos meses no país. "O povo quer derrubar o regime", gritavam alguns manifestantes.
O movimento oposicionista, que inclui o ex-chefe da Liga Árabe Amr Moussa e o conhecido político oposicionista Mohamed El Baradei, propõe uma ampla desobediência civil para combater o que descreve como uma tentativa de "sequestrar o Egito do seu povo".
Mursi diz que o decreto serve para acelerar a transição para a democracia, e será revogado assim que a população aprovar uma nova Constituição num referendo.
Num esforço para encerrar a crise, a Assembleia Constituinte egípcia, dominada por políticos islâmicos, apressou a aprovação do texto constitucional, na sexta-feira. O projeto agora deve ser submetido à sanção de Mursi, que então o submeterá à votação popular.
(Reportagem de Yasmine Saleh)
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.