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Ex-chanceler é eleito premiê japonês

Terceiro a ocupar o cargo em um ano, Taro Aso assume amanhã em meio ao descrédito do partido governista

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Por Redação
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O ex-ministro das Relações Exteriores do Japão Taro Aso, de 68 anos, foi eleito ontem presidente do Partido Liberal Democrático (PLD), com 66,6% dos votos dos delegados. Veja galeria de fotos de Taro Aso Amanhã, ele deve ser confirmado no cargo de primeiro-ministro pela Câmara Baixa do Parlamento, a Dieta (equivalente à Câmara dos Deputados), onde seu partido tem maioria. Aso venceu as eleições internas com facilidade e deixou para trás outros quatro candidatos - entre eles, a primeira mulher a concorrer ao cargo no país, a ex-ministra da Defesa Yuriko Koike. O governo enfrenta baixos índices de aprovação, pouco abaixo dos 40%, e o PLD, de Aso, atravessa seu pior momento em 50 anos. O novo primeiro-ministro será o terceiro premiê a ocupar o cargo em um ano. Em setembro do ano passado, Shinzo Abe, que tinha apoio de menos da metade dos japoneses, entregou seu posto. Em seguida, Yasuo Fukuda, sucessor de Abe, anunciou sua renúncia em 1º de setembro - depois ter vencido o próprio Aso nas eleições anteriores para a presidência do partido. Nenhum deles foi eleito diretamente pelos japoneses. Desde 2006, os primeiros-ministros têm sido indicados pela Dieta, sem a aprovação do voto popular. "Minha tarefa é responder às preocupações do povo japonês e não há outro partido, além do PLD, que possa fazê-lo", disse Aso. "Por enquanto não cumpri minha missão; eu o farei quando vencermos a oposição do Partido Democrático." Para reverter o ceticismo e a desaprovação dos japoneses, o novo primeiro-ministro poderá dissolver o Parlamento rapidamente e convocar novas eleições, em todo o país, antes que seu índice de aprovação dê sinais de baixa. Como resposta aos efeitos da crise econômica americana, Aso promete cortar impostos e aumentar os gastos públicos, especialmente em projetos nas áreas rurais, reduto histórico do PLD. "Os Estados Unidos podem enfrentar uma crise financeira equivalente à da grande depressão", disse Aso, no sábado. "O Japão tem de tomar medidas para melhorar sua economia e para reativar a demanda doméstica." O porta-voz do Departamento de Estado americano, Robert Wood, antecipou-se em apoiar a nomeação de Aso para primeiro-ministro. "O Japão e os EUA mantêm uma relação estreita e esperamos trabalhar no futuro com o próximo primeiro-ministro", declarou o funcionário de Washington. SAÍDA DO IRAQUE Depois de Aso ser confirmado como primeiro-ministro, entretanto, os EUA deverão perder mais um aliado político e operacional na guerra do Iraque. Mesmo antes da iminente ascensão ao cargo, Aso já falava em retirar os soldados japoneses do país árabe, que, desde 2004, atuam exclusivamente no transporte de tropas entre Kuwait e Bagdá. O Japão é a segunda maior economia do mundo, atrás apenas dos EUA. Seu maior parceiro comercial é a vizinha China que, como outros países da região asiática, recebem com irritação os freqüentes discursos nacionalistas de Aso. Antes mesmo de assumir, ele advertiu que os gastos secretos feitos na área militar podem ser um perigo para a estabilidade da região. DESAFIOS DE ASO Economia: A segunda maior economia do mundo está em recessão. A redução das exportações para EUA e Europa provocou forte queda de produção das fábricas do país Impostos: O governo precisa arcar com o aumento dos custos sociais de sua população cada vez mais velha. Uma saída seria um impopular aumento do imposto sobre o consumo, hoje em 5% Vizinhos: O líder precisará manter bom relacionamento com seu maior parceiro comercial, a China, apesar das diferenças que persistem desde as agressões militares japonesas antes e durante a 2.ª Guerra. Ele também enfrentará disputas territoriais com Coréia do Sul e Taiwan Afeganistão: O Japão apóia, desde 2001, as operações militares americanas em território afegão, mas a oposição deve bloquear a renovação das missões. O fim do apoio irritará os EUA, um importante aliado político

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