Ex-chefe de gabinete de Gonzales irá depor sobre demissões

Kyle Sampson renunciou o cargo em 12 março, após escândalo na Justiça dos EUA

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Por Agencia Estado
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Kyle Sampson, ex-chefe de gabinete do secretário de Justiça dos EUA, Alberto Gonzales, admitiu que deve testemunhar voluntariamente na próxima quinta-feira, 29, sobre o escândalo da demissão de procuradores americanos por motivação política. Já Monica Goodling, que também é membro do gabinete de Gonzales e está envolvida no caso, recusa-se a depor sobre o assunto. Sampson e Goodling eram leais a Gonzales e podem explicar como o secretário de Justiça planejou as demissões. Alguns parlamentares disseram terem se sentido enganados ao ouvirem as explicações de Gonzales sobre o caso. "Algumas afirmações de certos funcionários do Departamento da Justiça são mal estruturadas e temos o direito que descobrir o que realmente aconteceu", disse Lindsey Graham, senadora republicana da Carolina do Sul. O e-mails do Departamento da Justiça enviados ao Congresso americano mostraram que Sampson e Goodling participaram de reuniões, conferências e se comunicaram com funcionários da Casa Branca para alinhar os planos das demissões dos procuradores. Os documentos mostram ainda que Sampson enviou os e-mails com este assunto à Casa Branca logo após as eleições presidenciais de 2004. Gonzales se defendeu culpando Sampson, que renunciou ao cargo em 12 março por conduzir de forma confusa as demissões e entregar ao Congresso um relatório incompleto das decisões. Escândalo Vários senadores e dois dos oito procuradores demitidos pelo Departamento de Justiça recorreram à televisão americana para tentar divulgar um escândalo que destrói a confiança pública na classe política e ameaça a permanência de Gonzales no cargo. O escândalo traz à tona assuntos ligados à ética, uma possível obstrução de justiça e a independência do sistema jurídico dos EUA. Além disso, a situação evidencia outro problema para o governo do presidente George W. Bush, abalado pelas críticas do Congresso sobre o rumo da Guerra do Iraque. Tanto democratas como republicanos exigem respostas claras, ou pelo menos uma solução negociada, para determinar se houve motivações políticas por trás das demissões ocorridas em dezembro de 2006. Gonzales está na mira do Congresso, pois vários documentos divulgados pelo Departamento de Justiça parecem desmentir suas declarações sobre seu papel na demissão dos procuradores. O secretário de Justiça disse que não participou "de nenhuma discussão" sobre as demissões, mas os documentos indicam que, em 27 de novembro de 2006, Gonzales discutiu o assunto em detalhes. Os documentos, na maioria e-mails, também evidenciam o papel de altos funcionários da Casa Branca nas discussões.

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