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Ex-conselheira detida no Vaticano acusa padre espanhol de vazar documentos

Francesca Chaouqui disse que foi o sacerdote Luis Ángel Vallejo Balda que os vazou os documentos à imprensa, assim como algumas gravações do papa

Atualização:

ROMA - A italiana Francesca Chaouqui, detida na segunda-feira junto com o sacerdote espanhol Luis Ángel Vallejo Balda por subtrair documentos confidenciais do Vaticano, afirmou à imprensa italiana que foi ele quem os vazou à imprensa, assim como algumas gravações do papa.

Francesca, ex-relações públicas e membro da extinta Comissão investigadora dos organismos econômicos e administrativos da Santa Sé (Cosea), disse em entrevista publicada nesta terça-feira, 3, no La Stampa que "tudo foi ele (Vallejo) que fez, eu inclusive tentei pará-lo".

A italiana Francesca Chaouqui foidetida com o sacerdote espanhol Luis Ángel Vallejo Balda por subtrair documentos confidenciais do Vaticano Foto: AFP PHOTO / UMBERTO PIZZI

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"Não tenho nada a ver com corvos ou toupeiras, demonstrarei minha inocência. Estou tranquila, me sinto bem com minha consciência. Contei a verdade a quem está investigando o vazamento de documentos da Cúria", acrescentou Francesca.

O Vaticano comunicou ontem a detenção dos dois como parte da investigação a respeito dos documentos vazados e outros materiais considerados reservados.

Enquanto a ex-conselheira do Cosea ficou em liberdade, mas à disposição do promotor de Justiça do Vaticano, o sacerdote espanhol Gian Piero Milano ainda está detido por estar colaborando com as investigações. Vallejo Balda foi secretário da Cosea, e a imprensa italiana explicou que foi ele quem introduziu Francesca no ambiente vaticano.

Francesca afirmou que sua colaboração com as autoridades vaticanas "não se deve a um arrependimento ou a uma admissão de culpa", pois não considera ter nada a admitir ou do que se arrepender.

Em uma conversa publicada no Corriere della Sera, Francesca reafirmou que foi o monsenhor quem a "colocou nesta confusão".

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"A atmosfera é de facas afiadas (no Vaticano), sobretudo pelas nomeações que não chegaram, pois o monsenhor primeiro esperava ser secretário da Secretaria de Economia e depois revisor-geral da Santa Sé", acrescentou Francesca.

Ela já contratou os serviços de uma das melhores advogadas italianas, Giulia Buongiorno, quem conseguiu a absolvição do ex-primeiro-ministro Giulio Andreotti e de Raffaele Sollecito, acusado da morte da estudante britânica Meredith Kercher.

Francesca já havia dito em outra entrevista que é amiga do jornalista Gianluigi Nuzzi, um dos autores dos dois livros que serão publicados esta semana em 23 países, e que incluem documentos e informações vazadas pelos chamados "corvos" do Vaticano.

"Corvo" foi o adjetivo dado pela imprensa ao mordomo de Bento XVI, Paolo Gabrielli, acusado de dar documentos a Nuzzi para seu livro anterior, o que desencadeou o escândalo conhecido como "Vatileaks" e pelo qual foi condenado, e posteriormente anistiado pelo papa alemão. /EFE

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