Ex-conselheiro afirma que Chirac recebeu US$ 20 milhões de líderes africanos

Dinheiro também teria sido enviado a Dominique de Villepin entre 1997 e 2005

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Atualização:

PARIS - Um ex-conselheiro presidencial estimou nesta segunda-feira em US$ 20 milhões o valor do montante que vários líderes africanos supostamente entregaram entre 1997 e 2005 ao ex-presidente da França Jacques Chirac e ao seu primeiro-ministro entre 2005 e 2007, Dominique de Villepin.

 

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"Avalio em US$ 20 milhões" o dinheiro "líquido" que Chirac e Villepin receberam para financiar a campanha de 2002, disse o advogado Robert Bourgi em entrevista concedida à emissora "Europe 1".

 

As declarações de Bourgi, o ex-conselheiro de Chirac para assuntos relacionados à África, dão prosseguimento à revelação que fez no domingo em meio ao processo aberto contra o ex-presidente por suposto desvio de fundos há duas décadas, quando era prefeito de Paris.

 

A trama sobre o dinheiro africano vem à tona na mesma semana em que se espera a sentença do Tribunal de Apelação de Paris sobre o caso "Clearstream", no qual Dominique de Villepin figura como réu.

 

"É uma simples coincidência", disse Bourgi, que reconheceu que não tem "nenhuma prova" para sustentar suas acusações.

 

O advogado negou taxativamente que tenha feito as alegações para beneficiar alguém e ressaltou que não trabalha, nem oficial nem oficiosamente, para o atual presidente da França, Nicolas Sarkozy.

 

"Minha consciência me ditou o dever de falar porque vi muitas coisas vergonhosas. Quero uma França limpa, à direita e à esquerda", disse Bourgi.

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O sistema fraudulento que denuncia é, segundo Bourgi, uma prática habitual que se estende também aos mandatos dos presidentes Georges Pompidou, Valéry Giscard d'Estaing e François Mitterrand.

 

Tanto Chirac como Villepin anunciaram que também irão denunciar Bourgi. Martine Aubry, do Partido Socialista francês (PS), qualificou as revelações como "extremamente graves" e disse preferir esperar a que a Justiça faça o seu papel.

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