Ex-coronel é o favorito nas eleições presidenciais do Equador

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Por Agencia Estado
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O ex-coronel Lucio Gutiérrez é o favorito para o segundo turno das eleições de domingo, quando, ao enfrentar nas urnas o multimilionário Alvaro Noboa, poderá tornar-se o novo presidente do Equador. Gutiérrez, que participou da rebelião indígena e militar que derrubou o então presidente Jamil Mahuad em janeiro de 2000, tem 15 pontos percentuais de vantagem sobre seu rival Noboa, segundo a última pesquisa divulgada pela empresa Cedatos. O ex-militar tem 45% das intenções de voto, e Noboa, 30% segundo essa pesquisa. Gutiérrez, que se declarou "otimista" sobre os resultados de domingo, foi a surpresa do primeiro turno, em 20 de outubro, quando obteve 20,3% dos votos válidos graças à aliança de seu partido com o movimento indígena Pachakutic. Noboa, que ficou em segundo com 17,3% dos votos do primeiro turno, assegurou na quinta-feira, ao encerrar sua campanha, que ganhará de seu rival por ampla margem. Cerca de 8 milhões de equatorianos elegerão no domingo quem governará até 2007 um país onde 70% dos 12 milhões de habitantes são pobres, com um sistema monetário dolarizado que, segundo vários analistas econômicos, é insustentável, e que continua sujeito à instabilidade política. O último presidente eleito democraticamente foi Mahuad, que, após uma grave crise econômico-financeira, foi derrubado em 21 de janeiro de 2000. Seu sucessor foi o então vice-presidente Gustavo Noboa (sem parentesco com o candidato de mesmo sobrenome), que deverá deixar o poder em 15 de janeiro de 2003. Gutiérrez e Noboa são considerados por analistas políticos "aventureiros da política", alheios às estruturas e partidos tradicionais e, em alguns setores, são qualificados como populistas. Gutiérrez, do partido Sociedade Patriótica 21 de Janeiro - por ele fundado -, propõe um governo de "paz, segurança e trabalho", através do combate à corrupção, redução da pobreza, fortalecimento da seguridade social e melhoria da competitividade do país. Noboa, por sua vez, do Partido Renovador Institucional Ação Nacional (PRIAN), propõe a reativação do sistema produtivo, a redução do imposto de renda e o aumento das ofertas de emprego. A reta final da campanha foi ensombrecida por uma série de explosões de material bélico em um quartel militar na cidade andina de Riobamba, que deixou 8 mortos, 535 feridos e vultosos danos materiais. Devido à tragédia, a votação em Riobamba foi adiada. Os candidatos realizaram em menos de um mês uma campanha caracterizada por isultos, acusações mútuas e propaganda dos respectivos planos de governo. Ambos se apresentam como a melhor opção. Noboa, que se diz profundamente católico, baseou sua campanha num plano de habitação popular e nos ataques a Gutiérrez, a quem acusou de ser "comunista" e de ter o apoio de um partido com supostos vínculos com as guerrilheiras Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Também acusou seu adversário de infligir maus tratos a sua esposa e advertiu sobre o clima de conflitos sociais que, disse, espera o Equador caso triunfe o ex-militar, a quem compara com o presidente venezuelano, Hugo Chávez. Já Gutiérrez preferiu fazer da luta contra a corrupção seu principal tema de campanha. O candidato favorito evitou polemizar com Noboa dizendo que seu rival "recorre a uma campanha suja" por "pânico de perder outra vez uma corrida eleitoral", referindo-se à candidatura anterior do magnata nas eleições de 1998. A expectativa dos equatorianos de assistir a um debate pela televisão entre os dois postulantes ao cargo se viu frustrada na quarta-feira devido às rígidas condições impostas por ambos sobre o formato da discussão e o nome do moderador. A Lei Seca, que proíbe a venda e o consumo de álcool em todo o país, está em vigor desde a meia-noite de quinta-feira, ao mesmo tempo em que foi suspenso qualquer tipo de propaganda política. Mais de uma centena de observadores internacionais, da União Européia (UE) e da Organização dos Estados Americanos (OEA) entre outras instituições, supervisionarão o processo eleitoral.

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