Ex-ditador argentino, Bignone é condenado por roubo de bebês

Essa é a sexta condenação acumulada pelo general por crimes cometidos durante a ditadura militar argentina

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Por Redação
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Bignone foi condenado por crimes contra a humanidade Foto:

BUENOS AIRES - Um tribunal da Argentina condenou na segunda-feira 22 o ex-ditador e general Reynaldo Bignone a 25 anos de prisão pelo roubo de filhos de presos políticos durante a última ditadura militar no país (1976-1983).

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Essa é a sexta condenação acumulada por Bignone, o último ditador do regime. Além de duas penas perpétuas, ele já cumpre uma condenação de 25 anos de prisão e outra de 15 anos. Entre os diversos crimes, o ex-ditador, de 86 anos, esteve envolvido no sequestro de bebês, torturas e assassinatos de civis e roubo de bens.

Em outubro, ele foi condenado a 23 anos de prisão pelos sequestros e torturas de 60 líderes sindicais e operários de diversas fábricas na região da Grande Buenos Aires em 1977.

No mesmo processo do roubo de bebês, o Tribunal Oral Federal 6 de Buenos Aires condenou à prisão perpétua o general Santiago Omar Riveros, principal acusado do caso. Esse é o segundo julgamento realizado pelo roubo de bebês na maternidade clandestina da guarnição militar de Campo de Mayo, na periferia da capital argentina.

O tribunal também condenou a 13 e a sete anos de anos de prisão, respectivamente, o médico militar Norberto Atilio Bianco e a parteira Luisa Yolanda Arroche de Sala García, acusados de realizar os partos e forjar as certidões de nascimentos.

Os magistrados consideram comprovada a participação de quatro dos cinco acusados no roubo de oito bebês - filhos de detidas ilegalmente que foram entregues a parentes e amigos de militares. No julgamento, que durou três meses, o chefe do serviço de clínica desse hospital militar, o médico Raúl Eudenio Martin foi absolvido.

A Associação Avós de Praça de Maio, querelante neste julgamento, já restituiu a identidade de 116 netos e continua procurando cerca de 400 filhos de vítimas da última ditadura argentina.

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Em suas últimas palavras antes de escutar o veredicto, Bignone afirmou que durante sua carreira militar nunca ordenou nem autorizou "a apropriação de menores de idade nem a falsificação da documentação pertinente".

Em Campo de Mayo funcionaram quatro centros de detenção durante a ditadura, pelos quais passaram cerca de cinco mil detidos, sendo que apenas 50 sobreviveram.

Durante o primeiro julgamento pelo Plano Sistemático de Apropriação de Menores, o ditador Jorge Rafael Videla, morto em 2013, foi condenado a 50 anos de prisão, considerado o principal responsável. /EFE

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