
22 de dezembro de 2010 | 19h16
Organizações de defesa dos direitos humanos como as Avós da Praça de Mayo, além de associações de parentes das vítimas da ditadura, celebraram a condenação do lado de fora do edifícios dos tribunais em Córdoba. O prêmio Nobel da Paz de 1980, o argentino Adolfo Pérez Esquivel, estava presente na sala do tribunal.
O julgamento em Córdoba trouxe à tona uma série de depoimentos dramáticos, entre eles os de David Andematten, um dos sobreviventes do centro de detenção UP1, que relatou que os militares estupravam constantemente as prisioneiras políticas.
O ex-general, atualmente com 84 anos, é considerado o "arquiteto" do sistema de repressão aplicado pela ditadura, que torturou e assassinou 30 mil civis, além de sequestrar 500 bebês, filhos das desaparecidas políticas.
Ontem, Videla teve o direito de falar no tribunal. Em meio a uma prolongada defesa das ações do regime militar, ele tentou justificar a "necessária crueldade" da ditadura e sugeriu que a "sociedade argentina" havia sido cúmplice da ditadura, já que, segundo ele, "não existiam vozes contrárias" ao regime militar.
Videla, autor do golpe militar que em 1976 instaurou o regime militar que governou a Argentina durante sete anos, já havia sido julgado e condenado à prisão perpétua por outros crimes, em 1985. No entanto, foi posteriormente anistiado, em 1990. Em 1998, os organismos de defesa dos direitos humanos driblaram as leis de perdão aos militares e conseguiram a detenção de Videla pelos sequestro de crianças, crime que não havia sido incluído no indulto presidencial. Em 2007, com a anulação dos indultos, declarados inconstitucionais, Videla tornou-se alvo de uma série de processos na Justiça relativos a assassinatos.
Julgamentos
Ao longo de 2010 um total de 66 ex-integrantes da ditadura militar, entre os quais oficiais das forças armadas, policiais e alguns civis, foram condenados à prisão pelo envolvimento com crimes contra a Humanidade cometidos durante os denominados "anos de chumbo". No total, desde 2007, nos julgamentos sobre terrorismo de Estado foram julgadas 172 pessoas. Destas, 158 foram condenadas a diversas penas de prisão.
Segundo a Unidade Fiscal, organismo da Justiça que acompanha os julgamentos sobre violações aos Direitos Humanos, estão em andamento julgamentos de outros 100 ex-torturadores. Além disso, estão em etapas preliminares os processos de 800 ex-integrantes do regime militar.
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