Ex-DJ toma o poder em Madagáscar

Golpe militar derrubou o presidente

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Por Efe e ANTANANARIVO
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Andry Rajoelina, de 34 anos, um ex-DJ (disc-jóquei) e empresário, assumiu ontem a chefia do governo provisório de Madagáscar, após um golpe de Estado que teve início na segunda-feira. Depois de dois meses de pressão popular e dois dias de cerco militar ao palácio presidencial, o presidente Marc Ravalomanana anunciou ontem sua renúncia. Por meio de um decreto, ele entregou o cargo a uma junta militar presidida pelo militar mais antigo e de mais alta patente em Madagáscar, o vice-almirante Hyppolite Ramaroson. Mas as Forças Armadas rejeitaram a proposta do presidente, transferindo "poderes plenos a Andry Rajoelina, que se ocupará de presidir a transição", segundo Ramaroson. O empresário é conhecido em Madagáscar como "TGV" - sigla do trem francês de alta velocidade. Só um golpe de Estado como esse poderia ter levado Rajoelina tão cedo ao topo da política local. A Constituição malgaxe estabelece que os presidentes tenham pelo menos 40 anos para ocupar o cargo, 6 a mais do que o ex-DJ tem hoje. Ele apareceu pela primeira vez no cenário político em dezembro de 2007, quando venceu as eleições para a prefeitura da capital, Antananarivo. Radialista, empresário e dono de emissoras de rádio e uma de televisão, o novo líder sempre vendeu a imagem da "Madagáscar jovem". Em dezembro de 2008, suas emissoras de rádio e TV foram fechadas pelo governo após apresentarem uma entrevista com o ex-presidente Didier Ratsiraka, antigo adversário de Ravalomanana. Desde então, Rajoelina entrou em campanha aberta contra o presidente. Em janeiro, ele liderou uma manifestação na capital, pedindo a renúncia de Ravalomanana, que deixou pelo menos 91 mortos. APOIO DIFÍCIL Na mesma semana, o empresário declarou-se "encarregado dos assuntos do país" e pediu apoio aos militares. Mas, em vez de apoiá-lo, as Forças Armadas depuseram Rajoelina do cargo de prefeito, dando início a uma onda de confrontos que provocou a morte de 140 pessoas. Na segunda-feira, ele finalmente conquistou a confiança de uma parcela dos militares, o Corpo de Administração de Pessoal e Serviços do Exército de Terra, que se levantou contra o presidente, ocupando o palácio presidencial em Antananarivo. Ravalomanana foi deposto sob acusação de malversação de fundos públicos e violação à Constituição do país africano.

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