WASHINGTON - A ex-agente da Agência de Inteligência Americana (CIA, na sigla em inglês) Valerie Plame, que foi protagonista de manchetes de jornal em todo o mundo em 2003 depois que sua identidade foi revelada pelo governo americano, anunciou nesta segunda-feira, 9, que disputará uma vaga na Câmara dos Deputados como democrata nas eleições de novembro de 2020.
Plame fez seu anúncio com a divulgação de um vídeo no qual interpreta uma agente da CIA em ação e repassa sua trajetória enquanto dirige um carro em alta velocidade por um deserto no Estado de Novo México, onde reside há mais de uma década. Ela tentará representar o Terceiro Distrito do Novo México como candidata democrata e enfrentará Ben Ray Luján, que ocupa esse cargo desde 2009 e é um dos membros da Câmara mais próximos da presidente, Nancy Pelosi.
Valerie Plame Wilson ficou conhecida mundialmente após um escândalo de vazamento de informações durante o governo de George W. Bush, em 2003. A identidade da espiã da CIA - que seria um segredo de Estado - foi vazada por um oficial da administração de Bush que tentava prejudicar o marido dela, o diplomata e ex-embaixador Joe Wilson.
Na época, ele criticava a decisão do presidente de invadir o Iraque. Em um artigo publicado pelo jornal The New York Times, Wilson afirmou que, com base em sua experiência como membro da administração Bush nos meses que precederam a guerra, ele "não tinha outra alternativa se não concluir que parte do trabalho de inteligência relacionado ao programa nuclear do Iraque foi distorcida para exagerar a ameaça que o país representava para os EUA".
O vazamento do nome da ex-agente desencadeou uma investigação judicial de mais de dois anos que responsabilizou o ex-assessor da Casa Branca Lewis "Scooter" Libby, que foi condenado em 2007 a dois anos e meio de prisão por mentir e obstruir a Justiça.
O jurado que analisava o caso determinou na época que o ex-chefe de gabinete do ex-vice-presidente Dick Cheney mentiu aos investigadores sobre suas conversas com jornalistas sobre Plame. Libby foi condenado a 30 meses de prisão, mas o então presidente George W. Bush comutou a pena por considerá-la excessiva, ainda que tenha mantido a multa de US$ 250 mil e dois anos de liberdade condicional, sem conceder o perdão presidencial.
No entanto, o presidente americano, Donald Trump, concedeu indulto em abril de 2018 a "Scooter" Libby assegurando que ele havia sido tratado "injustamente". / EFE e AP