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Ex-espião russo pode ter sofrido tentativas de envenenamento

No entanto, a reportagem do programa BBC afirma que os indícios de radioatividade encontrados estavam em um lugar diferente de onde Litvinenko estava sentado

Por Agencia Estado
Atualização:

O ex-espião russo Alexander Litvinenko pode ter sido vítima de pelo menos outra tentativa de envenenamento com a substância radioativa polônio 210, várias semanas antes de receber a dose que causou sua morte, segundo um programa de reportagens da BBC. O documentário "Como envenenar um espião", que a rede pública britânica transmitirá nesta segunda-feira, afirma que a primeira tentativa pode ter acontecido em 16 de outubro de 2006 no mesmo restaurante japonês que o ex-agente secreto visitou no dia que em que ficou doente de forma repentina, em 1º de novembro. Naquele dia, o ex-agente secreto reuniu-se no restaurante Itsu, situado na rua Picadilly, com um contato italiano, Mario Scaramella, e as autoridades sanitárias britânicas detectaram depois rastros radioativos no estabelecimento, que continua fechado. No entanto, a reportagem do programa Panorama da BBC afirma que os indícios de radioatividade encontrados pelos investigadores estavam em um lugar diferente de onde Litvinenko e Scaramella ficaram sentados. Segundo o documentário, é "muito provável" que os rastros tenham sido encontrados no lugar onde Litvinenko tinha encontrado dois compatriotas, Andrei Lugovoi e Dmitry Kovtun, mais de duas semanas antes, em 16 de outubro. Scaramella, especialista em espionagem e segurança, afirmou ao programa de televisão que o restaurante foi fechado porque as autoridades britânicas tinham encontrado polônio 210. "No entanto, parece que não foi no lugar onde estivemos sentados, portanto devem esclarecer muitas coisas. Onde estivemos sentados não havia polônio", disse. O acadêmico italiano foi internado após o resultado positivo de um teste de contaminação radioativa, mas a Agência de Proteção da Saúde britânica não achou depois rastros significativos de Polonio 210 em seu corpo. Litvinenko voltou a se reunir com Lugovoi e Kovtun em 1º de novembro no Hotel Millennium, em Londres, onde também foram localizados rastros de radiação. Além disso, os exames de oito trabalhadores e três hóspedes desse estabelecimento deram positivo para radiação por polônio 210. Tanto Lugovoi e Kovtun, que receberam tratamento em um centro médico de Moscou após sofrer sintomas de contaminação radioativa, negaram qualquer envolvimento na morte de Litvinenko, que em carta divulgada após sua morte acusou o presidente russo, Vladimir Putin. No documentário do "Panorama", a mulher de Litvinenko, Marina, afirma que embora não possa afirmar que Putin tivesse assassinado seu marido, afirma que o presidente russo "está por trás de tudo o que acontece na Rússia"."Não poderia passar sem seu conhecimento", afirma. Suas declarações são contestadas no documentário pelo porta-voz de Putin, Dimitry Peskov. "Diz que a Rússia matou Sasha (Litvinenko), é uma mentirosa por essas palavras", afirma. A morte do ex-espião russo, que morreu em 23 de novembo passado, ficou em meio a uma série de mistérios, acusações e desmentidos mais próprios da Guerra Fria do que da atualidade.

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