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Ex-guerrilha vence eleições presidenciais em El Salvador

Vitória do esquerdista Mauricio Funes, da FMLN, rompe monopólio de 17 anos do partido conservador, Arena

Por BBC Brasil
Atualização:

O esquerdista Mauricio Funes, do partido formado pela antiga guerrilha marxista FMLN (Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional), venceu as eleições presidenciais deste domingo, 15, em El Salvador. Funes derrotou o candidato do partido conservador, Arena (Aliança Republicana Nacionalista), Rodrigo Ávila. A Arena havia vencido todas as eleições presidenciais desde o fim da guerra civil no país, em 1992.

 

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"Esta é a noite mais feliz da minha vida, e eu quero que seja a noite de maior esperança para El Salvador", disse Funes a seus partidários. Funes ressaltou o caráter histórico da vitória, como representante de uma organização que passou de grupo guerrilheiro a partido político depois dos acordos de paz que puseram fim a 12 anos de guerra civil. "Pela primeira vez chegam à presidência e vice-presidência os candidatos apresentados por um partido de esquerda (...) Com esta base também daremos uma nova direção à gestão presidencial." Mais de 90% dos votos já foram apurados e, de acordo com o Supremo Tribunal Eleitoral, Funes obteve 51,27% dos votos, enquanto Ávila ficou com 48,73%. O partido da FMLN foi fundado por combatentes da guerra civil, que matou cerca de 70 mil pessoas. Funes, um ex-jornalista de televisão, rompe uma tradição - ele é o primeiro entre os líderes do partido a não ter participado da luta armada, disse o correspondente da BBC em El Salvador, Stephen Gibbs. Durante a campanha, Funes apresentou propostas políticas moderadas e destacou que pretende manter boas relações com os Estados Unidos, e se disse próximo a Lula e à presidente do Chile, Michelle Bachelet. Ele rejeitou sugestões apresentadas por Ávila de que sob sua administração El Salvador se tornaria um satélite da Venezuela. Partidários de Ávila, ex-chefe da polícia civil, qualificaram os integrantes do FMLN como "comunistas". Segundo o correspondente da BBC, o vencedor da eleição presidencial deste domingo irá governar um país que tem uma das mais altas incidências de assassinato do mundo e uma economia que foi duramente atingida pela crise mundial. O país ainda não se recuperou da guerra civil que deixou uma herança de violência. A incidência de assassinatos em El Salvador é de 67,8 para cada 100 mil habitantes. A média dos demais países latino-americanos é de 24,8 assassinatos para cada 100 mil habitantes. O assassinato de dois simpatizantes do FMLN, dias antes da votação em Nejapa, ao norte da capital San Salvador, aumentou a tensão no país.

 

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