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Ex-líder da KKK apoia Trump em defesa de fazendeiros brancos na África do Sul 

Presidente americano afirmou pelo Twitter que pediu ao Departamento de Estado que acompanhe as medidas do governo sul-africano com relação à questão agrária; segundo Pretória, comentários atiçam divisões raciais no país

Atualização:

WASHINGTON - O antigo líder da Ku Klux Klan David Duke pediu nesta quinta-feira, 23, ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que tome as rédeas no assunto depois das críticas feitas pelo magnata na noite de quarta-feira, nas redes sociais, à reforma agrária realizada pela África do Sul.

Homem usa plástico para demarcarárea em terras ociosas em Olievenhoutbosch, África do Sul Foto: REUTERS/Siphiwe Sibeko

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Trump manifestou sua opinião nas redes sociais após a veiculação, pela emissora Fox News, de reportagem que tratou da questão agrária sul-africana e dos assassinatos de agricultores brancos.

"Pedi ao secretário de Estado, Mike Pompeo, que estude de perto as medidas da África do Sul com relação à apreensão e desapropriação de terras e fazendas e os assassinatos de granjeiros em grande escala", afirmou Trump em sua conta pessoal do Twitter.

Depois de o governante ter publicado essa mensagem, Duke decidiu retuitá-la acompanhada de um texto no qual agradecia a Trump por sua atitude, ao mesmo tempo que cobrava a atuação do presidente.

"A Rússia já acordou receber 15 mil granjeiros sul-africanos brancos. Você precisa se movimentar, sr. presidente", disse o ex-líder do KKK, que também compartilhou uma foto na qual é possível ver uma jovem loira com um cartaz que diz "parem com o genocídio branco".

Os comentários de Trump jogaram lenha em um debate já inflamado sobre terras na África do Sul, país que continua profundamente desigual e dividido racialmente quase um quarto de século depois de Nelson Mandela chegar ao poder ao final do Apartheid. O governo sul-africano o acusou de atiçar divisões raciais. 

A moeda sul-africana, o rand, perdeu mais de 1,5% de seu valor diante do dólar americano da manhã desta quinta-feira depois de o tuíte de Trump circular na África do Sul.

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O governo sul-africano do presidente Cyril Ramaphosa qualificou de "desapropriados" os comentários de Trump, afirmando que eles se baseiam em "informação falsa" e anunciou que solicitou formalmente uma reunião com os representantes dos EUA em Pretória para esclarecer essas críticas.

“A África do Sul rejeita totalmente esta percepção limitada que só busca dividir nossa nação e nos lembrar de nosso passado  colonial”, disse um tuíte de uma conta oficial do governo da África do Sul em reação às colocações de Trump.

O Departamento de Estado dos EUA não estava disponível de imediato para comentar o tuíte de Trump.

Expropriação

No dia 1º de agosto Ramaphosa anunciou que o partido governista Congresso Nacional Africano (CNA) planeja alterar a Constituição para permitir a expropriação de terras sem indenização, em um país onde os brancos continuam sendo os donos da maioria das terras do país. 

Segundo números oficiais, a minoria branca possui 72% da terra; os mestiços e índios, 15%, e a maioria negra, que viveu sem direitos durante décadas, só possui 4% das terras. 

Ramaphosa disse que qualquer reforma agrária será realizada sem causar impacto no crescimento econômico ou na segurança alimentar. Nenhuma terra foi “tomada” desde que os planos de reforma foram anunciados, diz o CNA.

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Os crimes violentos são um problema sério em toda a nação, e 47 agricultores foram mortos entre 2017 e 2018, segundo estatísticas da AgriSA, um grupo de associações agrícolas. No entanto, os assassinatos de agricultores estão em seu menor índice em 20 anos. / EFE e REUTERS 

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