O ex-ministro de Exteriores britânico, Jack Straw, condenou o que classificou de "desproporcionais" ataques de Israel contra o Líbano e advertiu que essas ações indiscriminadas provocarão "a escalada de uma situação perigosa". As afirmações de Straw, líder da Câmara dos Comuns e ministro sem pasta, foram interpretadas no Reino Unido como a primeira demonstração pública de uma divisão no governo, com alguns membros do gabinete insatisfeitos com o apoio do primeiro-ministro, Tony Blair, aos Estados Unidos e a Israel. Em declaração diante de eleitores de Blackburn, norte da Inglaterra, com grande população muçulmana, Straw manifestou no sábado que está preocupado com as táticas de Israel, que "continua desestabilizando a já frágil nação libanesa". "Se (Israel) quer o Hezbollah, vá ao Hezbollah, não à toda a nação libanesa", afirmou, em alusão aos ataques indiscriminados do Exército israelense. O ex-chefe da diplomacia britânica reconheceu o direito de Israel de defender-se de atentados terroristas e expressou sua simpatia pelas vítimas desse país. Mas também pelos "dez vezes mais" mortos ou feridos libaneses. Jack Straw foi substituído em maio passado por Margaret Beckett à frente da pasta de Assuntos Exteriores, uma remodelação do governo que aconteceu depois do fracasso nas eleições municipais. De São Francisco (EUA), onde participará de uma conferência organizada pelo magnata da imprensa Rupert Murdoch, Tony Blair assegurou a jornalistas britânicos que não há divisão dentro de seu gabinete, embora, em declarações à BBC, admitiu que alguns ministros pressionam para que se consiga um cessar-fogo.