Ex-ministro de ditador mantém sombra do velho regime sobre o Egito

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No único debate televisivo da campanha egípcia, o ex-chanceler Amr Moussa repetiu cuidadosamente três palavras-chave: "vândalos", "anarquia" e "caos". Ele, um homem guiado pelo interesse nacional, diplomata de carreira que chegou à chefia da Liga Árabe, seria o antídoto de que precisa o país para seguir em frente. Em grande parte do Egito, principalmente nas zonas rurais, o discurso de Moussa faz sentido. O fato de ele ser conhecido de quase todos e há tanto tempo também é uma vantagem significativa em um país sem nenhuma tradição democrática. Mas nas grandes cidades, como Cairo e Alexandria, o diplomata é visto por muitos como um remanescente septuagenário do antigo regime, que serviu por dez anos como ministro do presidente Hosni Mubarak e, se eleito, passará a ser apenas uma fachada civil para o poder dos generais.Para superar essa resistência, Moussa tem apostado em um argumento pontual. Em seu tempo como chanceler e secretário-geral da Liga Árabe, ele discordou publicamente de Mubarak sobre o tratamento "brando" que o Egito dava a Israel. A posição dura do diplomata rendeu-lhe uma ode em forma de música, escrita pelo cantor Shaban Abderrahim: "Odeio Israel e amo Amr Moussa", diz o refrão. A canção é tocada à exaustão nos comícios do ex-chanceler, que prometeu "rever" os acordos de paz com o país vizinho, embora não explique o que exatamente pretende mudar. Ao mesmo tempo, Moussa tenta pintar seu principal rival, Abdel Moneim Aboul Fotouh, como alguém inexperiente e sem traquejo político. O ex-chanceler prometeu apoio à causa palestina e oposição cerrada aos israelenses, mas falou que "é preciso ter cuidado com as palavras e não agir com o coração quando se deve usar o cérebro". "Votarei nele porque é um estadista", afirma Hani Essam, estudante de biologia de 24 anos. "Seria muito perigoso deixar o país na mão da Irmandade Muçulmana." / R.S.

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